Especialistas alertam para riscos da atividade física sem preparo




Marilia Montich/Diário OnLineAquele futebol aos sábados com os amigos, uma 'corridinha' no parque de vez em quando ou aquela série de exercícios aeróbicos que você mesmo preparou. Fazer atividades físicas é sempre bom, certo? Errado. Muitas vezes, os chamados "atletas de fim de semana" - pessoas que não praticam atividades físicas com freqüência - podem estar correndo sérios riscos sem ao menos ter conhecimento disso.

O caso do humorista Bussunda, que faleceu em 2006 em decorrência de um ataque cardíaco um dia após disputar uma partida de futebol com os colegas, é um exemplo. Se fatalidades acontecem com verdadeiros atletas, como o jogador Serginho, do São Caetano, morto em 2004 durante um jogo, é bom ficar atento ao preparo físico adequado.

"Exercícios físicos tem de ser feitos com freqüência. Quando a pessoa faz só de fim de semana e ainda por cima acaba cometendo alguma extravagância, o organismo pode não agüentar", afirma o professor de cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC e presidente da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) da região do ABC, José Luis Aziz.

Fadiga, distensão ou rompimento muscular, lesão em tendão (desde tendinites até rompimento), bursite, dores de coluna e contratura muscular são apenas alguns problemas que podem surgir quando não se tem um preparo adequado para se iniciar uma atividade física esporádica.

O promotor de merchandising Paulo dos Santos, 27 anos, sofreu uma torção no tornozelo direito durante uma partida de futebol com os amigos. Mesmo sem ter ido ao médico antes de começar a praticar o esporte duas vezes por semana, ele reconhece a importância de um acompanhamento. "Tem que fazer exames, saber até onde se pode ir. O médico fala o que você tem que fazer. Nós (sem orientação) acabamos forçando mais do que deveríamos", afirma.

Segundo Santos, os atletas de fim de semana conhecem os riscos e sabem como preveni-los. No entanto, um fator "mais forte" entra na história. "Algumas pessoas têm vergonha de fazer alongamento, apesar de saber que é necessário", revela. "Eu mesmo não faço aquecimento antes do jogo por preguiça".

Mais riscos - Os perigos do esporte "sem responsabilidade" vão além. "O primeiro risco é o cardiológico. Primeiramente, é necessário fazer uma avaliação com um clínico geral, depois passar por um cardiologista e, ainda, por uma avaliação muscular", afirma Antonio Marcos Augusto, fisioterapeuta especializado na área esportiva, traumatologia, fisiologia e treinamento. "O ideal é que se passe por uma equipe multidisciplinar: clínico-geral, cardiologista, ortopedista, fisioterapeuta e professore de educação física", recomenda.

A partir dessa bateria de médicos e exames, o atleta de fim de semana pode começar seu treinamento sossegado. "Vão ser prescritos exercícios específicos de acordo com o resultado dos testes", afirma o fisioterapeuta. "É arriscadíssimo fazer atividades sem acompanhamento médico", completa, ressaltando que é importante pegar o ritmo dos exercícios antes de sair exagerando por aí.

O coordenador de Recursos Humanos Daniel Arouca, 27 anos, segue à risca essas recomendações. Ele faz caminhada três vezes por semana e duas vezes por ano passa um "check-up" completo. "É importante fazer acompanhamento médico", reconhece.

O operador logístico Marcos da Silva, 42 anos, também não deixa de lado os cuidados com a saúde. Ele, que pedala três vezes por semana, diz passar por exames periódicos na empresa todo ano.

Sem alarde - Apesar dos cuidados que devem ser tomados com a saúde, o cardiologista José Luis Aziz afirma que não é necessário se apavorar na prática de atividades leves, como a caminhada. "Nesse caso, não é necessário procurar um médico, ao menos que a pessoa esteja sentindo alguma coisa ou se ela apresentar fatores de risco".

Segundo ele, entre os fatores de riscos estão pressão e colesterol altos, diabetes e histórico de familiares que sofreram infarto ou morte súbita com menos de 55 anos. "Essas pessoas, antes de fazer atividade física, têm de procurar um médico", afirma.

O cardiologista explica ainda que os riscos de ser um atleta de fim de semana estão relacionados com a idade. "Jovens apresentam um risco menor. Já uma pessoa acima dos 40 anos tem um risco maior de ter uma doença. Aí é necessário uma avaliação prévia com o cardiologista, que vai fazer exames como eletrocardiograma e teste ergométrico", explica.



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