Lesões em pelve e quadril no esporte





As lesões no quadril, pelve e região inguinal são freqüentes no esporte, e acredita-se que a incidência dessas lesões seja superior à que é relatada na literatura. O diagnóstico é difícil, pois os sinais e sintomas clínicos são frequentemente incaracterísticos, além deste requerer um grande conhecimento da anatomia local e de suas patologias.

 

As lesões mais comuns nessa região são as contusões, lesões musculotendinosas (principalmente de adutores e ileopsoas), lesões na articulação sacro-ilíaca, bursites e osteíte púbica (conhecida também como pubalgia). Outras lesões que podem ocorrer no atleta, porém menos comuns,  são lesão do lábio do acetábulo (quadril) e fraturas por estresse ou por avulsão.

 

As disfunções na articulação sacro-ílíaca merecem destaque, por serem comuns nos ciclistas e corredores, e muitas vezes são a causa das dores lombares que acometem esses atletas. Essas disfunções ocorrem devido à alterações biomecânicas, traumas repetitivos indiretos ou trauma direto (como cair em pé sobre uma perna só).

 

Esta articulação é composta pelo sacro e por um dos ossos da pelve, o ilíaco. Quando o corpo está em movimento, ela também está em constante movimento, porém este é bem pequeno, já que esta é uma articulação bem estável. Além da capacidade de absorver o impacto, ela funciona como um suporte estrutural básico durante a postura de pé ou sentada. 

 

A dor decorrente da disfunção desta articulação pode ser bem localizada (bem acima dos glúteos, afastada da coluna cerca de 2 a 3 dedos) ou na região lombar. Tipicamente irradia para a região posterior da coxa (podendo ser confundida com a dor ciática), para a região do quadril e da virilha. É comumente confundida também com hérnia\protusão discal, distensão muscular, tendinites e bursites.

 

Muitas vezes, a lesão da sacro-ilíaca pode estar relacionada com algumas destas patologias citadas acima, pois a pelve, o quadril e a coluna lombar são interligados e não podem ser vistas como estruturas separadas, e sim como partes de um todo.

 

Seguem abaixo algumas situações em que o atleta pode sentir dor:

 

  • Durante a atividade, principalmente durante o impacto do pé no chão;
  • Dificuldade de cruzar as pernas – para colocar o tênis, por exemplo;
  • Sensação de ter uma perna mais curta do que a outra;
  • Dor e\ou estalido ao entrar e sair do carro, sentar e levantar da cadeira

 

O diagnóstico, como já foi dito, é difícil de ser feito. Muitas vezes o atleta já passou por vários médicos, obteve vários diagnósticos diferentes, sem de fato descobrir a origem de sua dor, que pode chegar a ser até incapacitante.

 

Além do Raio-X, Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada, pode ser necessário a injeção de anestésico e antiinflamatório na articulação. Apesar de invasivo, este é o método que apresenta diagnóstico mais preciso. Se após a injeção, os sintomas do atleta diminuírem significativamente ou até desaparecerem, está comprovado que a dor realmente se origina de uma disfunção da sacro-ílíaca.

 

O tratamento conservador (não-cirúrgico) apresenta ótimos resultados, e consiste principalmente em:

 

  • Treinamento da estabilidade da pelve, do quadril e do tronco;
  • Ênfase no fortalecimento da musculatura interna do abdome (transverso), períneo e glúteo;
  • Correção dos desequilíbrios musculares existentes;
  • Técnicas de mobilização e manipulação articular (que devem ser realizadas por osteopatas ou terapeutas manuais);
  • Correção (quando possível) das alterações biomecânicas do atleta e da técnica esportiva 

Por Silvia Guedes – Fisioterapeuta formada pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais / Especialista em Fisioterapia Esportiva pela PUC-MG e pós-graduanda em Osteopatia pela Escola Brasileira de Osteopatia





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