Avaliação postural em mulheres submetidas a mastectomia radical modificada




A mastectomia pode trazer diversas alterações funcionais, seqüelas e complicações, tais como: má cicatrização, necrose, retração e fibrose teciduais (endurecimento do tecido), síndrome da mama fantasma, alterações respiratórias, diminuição da amplitude de movimento, dores e inchaço do braço(1).
As mulheres ainda apresentam um quadro postural de assimetria de tronco, ombros anteriorizados, alinhamento anormal das escápulas como resultado de uma mudança súbita no peso lateral pela retirada da mama(2) e ainda limitação da flexão e rotação do ombro, em sua maioria por medo, escápula alada, hipercifose pela dor, alteração da sensibilidade dolorosa na região póstero-superior do braço e hipoestesia em axila(3).
Como resultado da reação de defesa muscular podem ocorrer dor e espasmo muscular em toda a região cervical; além disso, os músculos elevadores da escápula, redondo maior, redondo menor e infra-espinhoso, podem estar sensíveis à palpação e restringindo a movimentação ativa do ombro(4, 5). A mastectomia, sobretudo acompanhada da radioterapia, pode determinar complicações físicas, imediatas ou tardiamente à cirurgia, tais como limitações dos movimentos de ombro e braço ipsilaterais, em conseqüência dos variados graus de fibrose da articulação escapuloumeral(6).
A avaliação postural se faz importante para que possamos mensurar os desequilíbrios posturais e adequarmos a melhor postura a cada indivíduo, possibilitando a reestruturação completa de nossas cadeias musculares e seus posicionamentos no movimento e/ou na estática(7), uma vez que a função estática não é regida por músculos isolados, mas sim, por um conjunto de músculos a que alguns estudiosos se referem como cadeias musculares. Todos os desequilíbrios ou desarranjos que ocorrerem nessas cadeias levarão a um desequilíbrio do tônus muscular e conseqüentemente à má postura(8).
A propriocepção é usada para descrever a consciência da posição ou do movimento corporal. Esse sistema está integrado à sensibilidade profunda e informa sobre a sensação da posição corporal com respeito à gravidade quanto a relação de posição entre suas diversas partes(9).
Sabendo que a amputação de um membro é um processo traumático e que altera a harmonia corporal, o presente estudo teve como objetivo avaliar a postura de mulheres que foram submetidas a mastectomia radical modificada.

Pacientes e métodos

Foi realizado um estudo de caso de cinco pacientes, do sexo feminino, que deram entrada no Ambulatório de Ginecologia e Mama do Hospital Araújo Jorge, entre os dias 5 de janeiro e 30 de abril de 2004, para tratamento cirúrgico de câncer de mama, tipo mastectomia radical modificada.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal (CEPHA) do Hospital Geral de Goiânia - protocolo nº 66/04.

As participantes do estudo foram fotografadas e avaliadas no pré e no pós-operatório (após retirada dos pontos), através de uma ficha de avaliação, onde foram analisadas cinturas pélvica e escapular, coluna, membros superiores e cabeça. Elas foram posicionadas ortostaticamente nas vistas anterior, posterior e ipsilateral à cirurgia para avaliação e captação de imagem. As pacientes do estudo assinaram o termo de consentimento, no qual foram informadas sobre os procedimentos a serem realizados na pesquisa, inclusive a captação de imagem e a não-identificação de nome e rosto.

Os critérios de inclusão abrangeram mulheres submetidas a mastectomia radical modificada, com ou sem limitação de ADM de ombro. Foram excluídas mulheres que fizeram reconstrução da mama, quadrantectomia, mastectomia radical de Halsted.

Os dados coletados nas avaliações foram analisados e comparados mediante agrupamentos de respostas segundo o roteiro da avaliação e fotos, do pré e pós-operatório (em média 28 dias), para detectar presença de possíveis alterações posturais em mulheres submetidas a mastectomia radical modificada.

Materiais:
  • Ficha de avaliação
  • Máquina fotográfica digital Olympus D390 e Canon Prima Quick
  • Goniômetro – régua plástica, com dois braços, um fixo e um móvel, que acompanha o arco de movimento  - É utilizada para medir os ângulos articulares, que formam um círculo completo (0° a 360°) ou meio círculo (0° a 180°)(10).

Leia o resultado e os casos clínicos aqui




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