Exercícios na Reabilitação Pulmonar na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica





Dentre as modalidades de exercícios, destacamos:

I - Reeducação de técnicas respiratórias:

I.1 - Respiração diafragmática. Envolve o retreinamento do paciente para o uso de seu diafragma enquanto se relaxam os músculos acessórios. Essa técnica proporciona o aumento de volume de ar corrente, diminuição da capacidade residual funcional e aumento da captação máxima de 02.

I.2 - Respiração com lábios franzidos. Ajuda o paciente a prevenir o aprisionamento de ar devido ao colabamento das pequenas vias aéreas durante a expiração, promovendo maior intercâmbio gasoso nos alvéolos. Ensina-se o padrão de respiração nasal/oral.

II - Treinamento dos músculos inspiratórios:

Objetiva melhorar a força e resistência dos músculos inspiratórios, diminuindo dessa forma os sintomas de dispnéia e fadiga e melhorando a capacidade física para o exercício. A respiração é feita através de um aparelho mecânico,  onde pode-se controlar a resistência inspiratória medida em porcentagem (%) da PImáx. Geralmente são feitas sessões de 15min./ 2 x dia/ 5 a 7 x semana por 08 semanas1. A porcentagem da PImáx. para o treinamento com o referido aparelho varia entre 15 a 80% conforme cada serviço.

Donner C. F. e Howard P. utilizam 30 a 40% da PImáx.1, Weiner P. e colaboradores iniciam com 15% e aumentam progressivamente 5% a cada sessão até atingir 70% da PImáx.19 e Dekhuijzen P.N.R. e colaboradores iniciam com 60% no primeiro mês e no segundo passam para 80% da PImáx.

III - Condicionamento Físico:

III.1 - Exercícios de membros superiores (mmss). Geralmente utiliza-se treinamento com exercícios suportados (cicloergômetros de braço) e não suportados (bastões ou pesos). Martinez F. J. e colaboradores preconizam a utilização do cicloergômetro de braço com 10 watts nos primeiros 2 min. e o aumento progressivo de 5 watts a cada 2 min. até a carga em que o paciente não mais tolere. A mensuração de performance é obtida multiplicando-se a carga pelo tempo. Dentre os exercícios não suportados, os movimentos com bastões e pesos geralmente utilizados são os de flexão/ extensão/ rotações/ adução e abdução horizontal do ombro e flexão/ extensão do cotovelo13,25. Devemos sempre associar os exercícios com o padrão de respiração nasal/oral.

III.2 - Exercícios de membros inferiores (mmii). Podem ser feitos através de caminhada, exercício em bicicletas ou esteiras ergométricas. A seleção da tarja mais adequada para a intensidade do exercício em DPOC não é bem definida. É possível que o critério de respostas ao treinamento não seja o grau de obstrução na DPOC e sim a capacidade de elevação do lactato sérico ao exercício de cada paciente14. Estudos recentes mostram que portadores de DPOC, independentemente de seu grau de comprometimento (leve, moderado ou grave), desenvolvem acidose lática durante atividade física. Estes pacientes, com o treinamento físico, conseguem aumentar a tolerância ao exercício, diminuir a demanda ventilatória, a FC e o lactato sérico para exercícios idênticos pré e pós-treinamento2,4,23,24. A causa do aumento precoce do lactato nos pacientes com DPOC ainda não está estabelecida. Atribui-se  vida sedentária desses pacientes, levando a uma capacidade aeróbica baixa, e à resposta vascular
pulmonar inadequada que os mesmos apresentam.

A intensidade dos exercícios pode-se situar entre 50 e 90% do trabalho máximo (W max.) tolerado ao teste2,14,16. Inicia-se o treinamento em um nível abaixo da tarja estabelecida e aumenta-se progressivamente. Folgering e colaboradores desenvolveram uma fórmula para se chegar ao W max. em portadores de DPOC, que é:

W max. = 1,7 x peso + 40 x FEV1 - 25. As unidades são: W max. = watts, peso = Kg

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Essa equação é utilizada para o teste incremental de 10 min., onde no início utilizamos 10% do W max. e a cada min. aumentamos mais 10% do W max.18,26.
A freqüência ao PRP é variável, entre 3, 5 e 7 dias/semana.

IV - Treinamento de relaxamento muscular:

Ries A. L. demonstrou que o relaxamento muscular de 16 grupos musculares diferentes, em portadores de DPOC, diminui significativamente o grau de dispnéia e ansiedade desses pacientes. Finalizando, estudos comparativos entre as várias modalidades de exercícios mostram que um programa de educação para os portadores de DPOC com aulas de anatomia e fisiologia da doença, modelo de dispnéia, técnicas de conservação de energia e autocontrole do pânico e fisioterapia respiratória, sem o acréscimo de
condicionamento físico, não alterou o score de dispnéia, tolerância ao exercício, melhora na qualidade de vida nem a ansiedade ou depressão.

Observa-se também que o treinamento dos mmss associado ao PRP básico (fisioterapia respiratória, condicionamento físico e suporte psicológico) provoca aumento na força e resistência muscular dos portadores de DPOC. Este treinamento realizado com exercícios não suportados apresenta menor custo metabólico quando comparado aos exercícios suportados. Estudos comparando o PRP básico àquele associado ao treinamento de músculos inspiratórios mostram vantagens deste último, com melhora da força dos músculos inspiratórios (e conseqüentemente da dispnéia), melhora da resistência diafragmática (avaliada por ENMG), aumento do score de AVD e da carga máxima de treinamento.

Estudos mostram que a idade e o sexo não interferem no resultado do tratamento. Swerts P.M.J. e colaboradores demonstram que o PRP domiciliar apresenta resultados
inferiores ao PRP supervisionado. Diante desses dados, desenvolvemos no Hospital Arapiara (HASA) o seguinte protocolo:

I - TESTE: Utilizamos a equação de Folgering em bicicleta ergométrica.

II - FREQÜÊNCIA: 5 x semana.

III - MONITORIZAÇÃO:
Repouso: gases arteriais, espirometria, PImáx., PA, ECG.
Exercício: oximetria, PA, ECG, FCmáx., VAS.
I
V - MODALIDADES DE EXERCÍCIO
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Dessa forma, esperamos minimizar as hostilidades que a DPOC causa ao seu portador.

Veja todas as referências bibliográficas aqui


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