Biomecâmica da Articulação Temporo-Mandibular





O objetivo desta página é ilustrar, de maneira simples, as posições e os movimentos normais da mandíbula, para complementar as aulas de dinâmica da articulação temporomandibular e oclusão dental e melhor preparar o aluno ingressante de Odontologia para a seqüência de seu curso. A movimentação explicada a seguir deve ser reproduzida pelo próprio estudante, para melhor entendimento do que se quer ensinar.


Posição de repouso: para considerar a primeira posição postural neste estudo, imagina-se uma pessoa em pé ou sentada olhando para frente e para longe, com os lábios em leve contato e a mandíbula relaxada, sem tensão. É esta a posição de repouso da mandíbula, na qual os músculos mandibulares estão em contração mínima, contraídos apenas o suficiente para manter a postura. Os dentes superiores e inferiores não estão em contato e o espaço entre eles é chamado espaço livre ou interoclusal.
É claro que certos fatores podem interferir na constância dessa posição; por exemplo, a dor, o estresse físico e emocional e a postura. Se a cabeça for inclinada para trás, a relação maxila–mandíbula se modificará, aumentando o espaço livre. Por outro lado, se a cabeça for inclinada para frente, poderá mesmo eliminar completamente o espaço livre. A posição de repouso é importante para o descanso muscular e alívio das estruturas de suporte dental.

Oclusão central: a partir da posição de repouso, a mandíbula pode ser elevada até o contato máximo dos dentes inferiores com os superiores. Ela fica, assim, na chamada posição de oclusão central, que é a posição de maior número de contatos entre os dentes. A pessoa despende esforço para manter seus maxilares fechados nessa posição por algum tempo, pois os músculos elevadores da mandíbula devem permanecer contraídos.

Relação central: a partir da oclusão central, os dentes podem ser mantidos apenas em ligeiro contato e, então, a mandíbula pode ser movida para trás, em um movimento de retrusão da ordem de 1 a 2mm (1,25 em média). Mas há um ponto além do qual a mandíbula não pode ir. Nesse ponto, ela alcança sua posição mais retrusiva, que é a posição de relação central na dimensão vertical de oclusão.

Apesar de a mandíbula estar na posição mais posterior ou retrusiva que ela possa adotar, há um espaço entre o côndilo e o processo retroarticular. Obviamente, então, o movimento posterior não é limitado pelo contato direto de superfícies ósseas, mas por músculos e ligamentos. O mesmo acontece nas limitações dos movimentos de abertura, protrusão e lateralidade. Deve-se lembrar de que o coxim retrodiscal é ricamente inervado, o que produz estímulos sensitivos gerais e proprioceptivos, impedindo de maneira normal sua compressão. Esta ocorre somente quando existe desvio nessa engrenagem, levando a mandíbula (e o côndilo) a se deslocar para um dos lados.



Movimentos no plano sagital: na abertura da boca a partir da posição de relação central e conservando-se a mandíbula na posição mais retrusiva, durante os primeiros 5 a 20mm deste movimento a mandíbula roda em um movimento de charneira puro, ou rotação, em torno de um eixo de charneira (transversal) no côndilo. Este não se desloca para frente, mas simplesmente roda em torno de um eixo .

Se a boca continuar a ser aberta, chega-se a um ponto onde o movimento condilar muda de rotação em charneira pura, para movimento de deslizamento anterior, conhecido como translação. Separando-se os maxilares o máximo possível, chega-se à abertura máxima, posição que não pode ser ultrapassada.

Da posição de abertura máxima, a mandíbula pode ser deslocada para frente e para cima, isto é, movimentos de protrusão e elevação concomitantes, o máximo possível. Alcança, assim, a mandíbula sua posição mais protrusiva. Nessa posição, a borda incisal do incisivo inferior fica em um nível mais alto que a borda incisal do incisivo superior.

O movimento seguinte é a translação da mandíbula para trás, enquanto se mantêm os dentes em leve contato. Quando os incisivos inferiores encontram os superiores, a mandíbula deve abaixar um pouco para permitir que os dentes se cruzem. Daí a mandíbula se desloca até chegar à oclusão central.

O gráfico traçado é um esquema dos limites extremos dos movimentos mandibulares normais, os movimentos bordejantes da mandíbula. Esse gráfico sagital foi descrito pela primeira vez por Posselt. É claro que a mandíbula não se movimenta rotineiramente nas bordas extremas do gráfico. Ela se move livre e fácil dentro do gráfico, em movimentos intrabordejantes, nas funções de falar, mastigar etc. Destes, o movimento mais reprodutível é o que ocorre quando se abre bem a boca, inconscientemente, e a fecha diretamente em oclusão central. Esse movimento é conhecido por fechamento habitual.

Movimentos no plano frontal

Os movimentos mandibulares podem ser vistos de frente, isto é, tendo-se como referência o plano frontal.
No movimento lateral direito, a partir da oclusão central (Fig. 8), o côndilo esquerdo desloca-se para baixo e para frente (e ligeiramente para medial), enquanto o direito permanece em posição na fossa mandibular.


Se desta translação unilateral direita a mandíbula for movida a uma posição de abertura máxima, o côndilo direito desliza para frente. Enquanto ele vai para frente, ambos os côndilos também entram em rotação até seus limites máximos (translação e rotação condilar bilateral);

O fechamento da boca iniciado na posição de abertura máxima e terminado na posição lateral esquerda é conseguido pela translação posterior do côndilo esquerdo, enquanto o côndilo direito permanece na posição avançada. Alguma rotação ocorre em ambos os côndilos.

Da posição lateral esquerda, um movimento para trás até a oclusão central envolve a translação posterior do côndilo direito e a rotação de ambos os côndilos, até que os dentes entrem em oclusão central (Fig. 12). O gráfico de movimento traçado pelo incisivo inferior representa as bordas dos movimentos mandibulares máximos no plano frontal, ou movimentos bordejantes. Movimentos normais dos atos de mastigar e de falar são intrabordejantes.

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