A mandíbula e a coluna vertebral





O que a mandíbula tem a ver com as dores de coluna? Muita coisa. Disfunções na articulação têmporo-mandibular (ATM), aquela responsável pela mastigação, pelo abrir e fechar da boca, pelo bocejar e o beijar, podem provocar problemas na coluna lombar, na cervical, no pescoço. E vice-versa. A razão da ligação tão íntima entre as duas partes do corpo são as fáscias, uma película que envolve todos os músculos do corpo. Elas podem ser o caminho para se descobrir a causa de dores que atrapalham o dia-a-dia.

— Existem cadeias inteiras de mais de um músculo unidas por um único conjunto de fáscias específicas. A fáscia superficial cervical, por exemplo, está ligada da cervical até o quadril posteriormente ao corpo. E anteriormente da mandíbula até a pelve. Uma lesão na pelve pode, através do sistema fascial, atingir a ATM e vice-versa. As tensões se transmitem passando de uma estrutura próxima, para a mais distante ao longo de uma cadeia miofascial — explica a fisioterapeuta, Elaine Monteiro de Carvalho.

Segundo a osteopata, é muito freqüente que as mulheres tenham problemas de ATM, devido ao estresse, à flexibilidade natural e a fatores hormonais. O tratamento deve ser integrado a todo corpo e não isolado.

— Cerca de 85% das mulheres apresentam ATM, primeiro porque são muito mais flexíveis do que os homens, depois porque vêm sofrendo muito com o estresse. E ainda têm os fatores hormonais, que influenciam esse tipo de problema. Na osteopatia, trabalhamos com a correlação de tecidos musculares. Interpretamos a dor como um trilho que vai correndo o corpo todo. E por isso precisamos tratar de todas as estruturas musculares, trabalhar o corpo de forma holística, buscando o reequilíbrio de ossos, músculos de sustentação e ligamentos — garante a especialista.

Para o fisioterapeuta Ney Meziar, a osteopatia apresenta um bom resultado no tratamento de dores lombares quando vem associada ao método de estabilização segmentar vertebral: ”O paciente, numa crise de lombalgia, pode recorrer às manipulações da osteopatia para sair mais rapidamente da crise. Mas para se manter longe da dor, é necessário um trabalho de estabilização segmentar vertebral, pelo qual o paciente aprende a contrair os músculos da coluna lombar e pratica essas contrações no dia-a-dia.

Para o odontólogo Miguel Monteiro de Carvalho, o mais importante é haver um equilíbrio entre dentes e músculos da mastigação, que formam a ATM. ”Os músculos devem trabalhar de forma coordenada e para isso a oclusão deve estar equilibrada. A má oclusão pode levar ao espasmo muscular e a uma disfunção têmporo-mandibular, comprometendo a articulação. Os músculos passam a trabalhar de forma desarmônica, desequilibrando todo o sistema, inclusive o corporal — explica.

Segundo esses especialistas, a boca não pode ser mais vista exclusivamente como um aparelho mastigatório, mas, sim, como uma estrutura que participa dos processos respiratório, bioquímico e emocional.

As transformações ortopédicas e ortodônticas atuam sobre numerosas ramificações do sistema nervoso central, em benefício da respiração, da digestão, das circulações sanguínea e linfática, da movimentação, da integração postural e psíquica do indivíduo. A odontologia em conjunto com a fisioterapia sistêmica são capazes de identificar se os problemas são ascendentes (da coluna para a cabeça) ou descendentes (da cabeça para a coluna).

A paciente Alda Ludwig sentiu na pele os benefícios de uma equipe de fisioterapeuta e odontologia integrada: “ Tinha muita dor de cabeça, dor de ouvido e dor na cervical. Não conseguia fazer exercício algum, nem caminhar. Tomava muito remédio e ficava mais deprimida. Com o trabalho de fisioterapia e osteopatia, fui liberando as articulações. Depois, fui fortalecendo a musculatura. Precisei depois corrigir minha oclusão. Enquanto uma especialista mexia nos dentes a outra cuidava do corpo. O resultado foi maravilhoso, conclui.

Fonte

Dicas do mês para estudantes e profissionais de Fisioterapia


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