Caso clínico: Fisioterapia em lesões cerebelares





O cerebelo é uma estrutura do sistema nervoso central, localizado dorsalmente ao bulbo e à ponte, contribuindo para a formação do teto do quarto ventrículo. Ele tem grande importância para o sistema nervoso devido as suas diversas funções, dentre elas: coordenação motora, tônus muscular (grau de contração muscular que permite o movimento), propriocepção (percepção do corpo no espaço) equilíbrio, ou seja, desempenha importantes funções no controle motor. O cerebelo também modula a força e a amplitude dos movimentos e está envolvido na aprendizagem motora.

Sendo assim, lesões no cerebelo produzem distúrbios na coordenação motora, equilíbrio, amplitude e força do movimento. Dentre as lesões do cerebelo está a ataxia espinocerebelar. Essa é uma doença neurodegenerativa, ou seja, com morte dos neurônios no cerebelo e em outros pontos do sistema nervoso (tronco encefálico e medula espinhal). Ela é hereditária. Tem como principais sintomas a falta de movimento, de coordenação, com falhas na velocidade dos movimentos. Normalmente a doença aparece nas primeiras décadas da vida. A pessoa que desenvolve essa doença é totalmente dependente para a realização de suas atividades de vida diárias, pois a falta de coordenação motora e os distúrbios nos movimentos a deixa bastante limitada. A doença também é agravada pelo emocional da pessoa que se sente dependente para tudo.

A intervenção fisioterapêutica é de extrema necessidade. Para comprovar tal afirmação, pesquisou-se um tratamento fisioterapêutico nessa doença. Uma paciente de 27 anos, apresentando ataxia espinocerebelar, foi colocada em um tratamento com intervenção de fisioterapia. A paciente apresenta ataxia da marcha, ou seja, dificuldade na marcha, sendo comparada a de alguém embriagado que não consegue andar em linha reta. Isso é devido à dificuldade na velocidade dos movimentos e na contração muscular.

Para a paciente foi proposto como tratamento o treino funcional direcionado a tarefas do seu dia-a-dia, treino de equilíbrio e transferências de posições, e treinos na marcha, colocando-a em diversos ambientes (rampa, escadas, pisos regulares e irregulares). Enfim, foi proposto exercícios de aprendizagem motora dos exercícios de seu dia-a-dia para que a paciente pudesse adquirir uma maior independência. Após o tratamento fisioterapêutico, houve aprendizado motor para as atividades treinadas, havendo ganho de independência funcional, resultando em maior equilíbrio para realizar as atividades de vida diária.

Enfim, a fisioterapia é importante para o tratamento de lesões cerebelares como a atxias espinocerebelares, pois além da ajuda funcional, que garante um grau maior de independência nas tarefas do dia-a-dia, melhora a sua qualidade de vida emocional também, pois a pessoa se sente menos dependente e mais atuante ao controle da doença.

OLIVEIRA, A.P.R. ; FREITAS, A.M. Efeitos da intervenção fisioterapêutica nas habilidades funcionais e no equilíbrio de uma paciente com ataxia espinocerebelar: estudo de caso. Revista Fisioterapia e Pesquisa. Vol. 13, n 3, p 53-59. 2006.


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