O que é placa oclusal e seus tipos







Em oclusão, as Placas oclusais são aparelhos removíveis normalmente fabricados em resina acrílica, que cobrem as superfícies oclusais dos dentes superiores ou inferiores e são extensivamente usadas no tratamento da disfunção musculoarticular. As placas oclusais também são conhecidas: desprogramadores oclusais; placa de mordida; protetores noturnos, etc...

Apesar de existirem diversos tipos descritos na literatura, as placas oclusais apresentam, basicamente, três configurações.

Placas estabilizadoras

São o tipo mais comum de aparelho utilizado e tem como objetivo reduzir a atividade muscular e proteger os dentes e o periodonto dos hábitos parafuncionais. Recobre totalmente uma das arcadas dentárias e oclui contra todos os dentes antagonistas na posição habitual de fechamento do paciente, possuindo a superfície de contato totalmente plana.

Os contatos oclusais com os dentes antagonistas devem ser uniformes por toda a arcada. A guia protrusiva deve desocluir os dentes posteriores enquanto a guia canina deve desocluir os dentes do lado de balanceio e os dentes anteriores; essas guias são obtidas pela confecção de planos inclinados nas regiões dos incisivos e de caninos. A espessura desse tipo de placa deve ser de aproximadamente 1,5 a 2 mm na região de molares, podendo ser confeccionada tanto para maxila quanto para a mandíbula, mas usada preferencialmente na maxila, devido à maior retenção e estabilidade, além da facilidade de confecção. Outra vantagem da placa maxilar é ser ajustada a fim de que todos os incisivos inferiores possam facilmente contactá-la, mesmo quando um trespasse horizontal acentuado esteja presente.

Quando utilizado na mandíbula, têm padrão oclusal mais complexo, especialmente quando há trespasse horizontal maior que 2 mm. Nesses casos, a porção vestibular anterior da placa deve ser entendida até alcançar o contato com os incisivos superiores.

Indicações

Seu uso principal está relacionado a sintomas condizentes com problemas neuromusculares, como, por exemplo, casos de mioespasmo ou mialgia. Algumas desordens intracapsulares também respondem positivamente à terapia de estabilização com placas, especialmente quando suspeita-se de sobrecarga na ATM como fator etiológico. Pacientes com capsulite e sinuvite experimentam diminuição nos sintomas após o uso desse tipo de aparelho, pois há indicação das cargas distribuías sobre a ATM, promovendo o reparo e a regeneração dos tecidos articulares.

Outra indicação para esse tipo de aparelho é o tratamento de pacientes com deslocamento anterior do disco sem redução, cujos sinais e sintomas perduram por longos períodos (mais de 6 meses) e cujo disco não pode ser reduzido por outras técnicas. Esses pacientes são freqüentemente tratados "independentemente do disco", por meio de redução de cargas na articulação, com a utilização de uma placa estabilizadora, que promove a redução da dor, remodelação articular; e pela formação de um "pseudodisco" na região retrodiscal.

As placas podem ser indicadas, ainda, como aparelhos de estabilização pós-cirúrgicos, protegendo a ATM de cargas excessivas ou da compressão durante o período de reparação. Além disso, auxiliam na acomodação da articulação frente à formação de edema pós-cirúrgico.

Técnica de confecção

Inicialmente, deve ser executada uma moldagem e os modelos de gesso devem ser precisos e livres de bolhas ou imperfeições.

O próximo passo é realizar a montagem dos modelos no articulador e para isso um registro oclusal preciso é de fundamental importância, sendo que este deve apresentar espessura correspondente à futura placa.

Instalação e controle

Inicialmente, realiza-se a prova da placa na boca, a fim de se avaliar sua retenção e estabilidade. No caso de excesso de retenção ou inadaptação, faz-se o alívio interno do acrílico até que a adaptação ou retenção seja obtida; no caso da falta de adaptação ou retenção, faz-se o reembasamento interno com resina acrílica quimicamente ativada.

Qualquer queixa de pressão excessiva nos dentes ou tecidos moles deve ser avaliada e corrigida ne necessário.

O ajuste deve ser feito a fim de se obterem contatos simultêneos e quivalentes em todos os dentes, além das guias de desoclusão anterior e lateral.

Em cada consulta de controle, que varia de tempo em cada caso, devem ser observadas as características citadas anteriormente e correções feitas, se necessário.

Placas reposicionadoras

Em contraste com a placa estabilizadora, que possui uma superfície quase plana, a placa reposicionadora possui endentações bem definidas, que servem para guiar a mandíbula a uma posição mais protruída, com o objetivo de melhorar o relacionamento côndilo/disco.

Assim como as placas estabilizadoras, as reposicionadoras também podem ser confeccionadas para ambas as arcadas, porém, as da maxila possuem maior retenção e estabilidade, além de serem de mais fácil confecção.

Indicações

O uso de terapia reposicionadora é basicamente indicado para casos de deslocamento de disco com redução, que são acompanhados de dor articular. A placa reposicionadora promove alívio da dor, impedindo o côndilo de pressionar a região retrodiscal, que é altamente vascularizada e inervada. Em alguns casos, os ruídos articulares podem ser eliminados ou atenuados com essa modalidade de terapia.

Antes da confecção dessa placa, deve-se confimar clinicamente o diagnóstico de deslocamento de disco com redução, o que pode ser conseguido instruindo-se o paciente para realizar a abertura bucal atém do ponto onde ocorre o estalido, a fim de se estabelecer um relacionamento normal entre o côndilo e o disco (redução). Em seguida, o paciente realiza o fechamento em uma posição mais protruída, próxima da posição de topo a topo. Nesse ponto, o disco deve permanecer em seu relacionamento normal com o côndilo. Se o paciente conseguir, então, realizar a abertura sem a ocorrência do estalido, o diagnóstico de deslocamento com redução é confirmado. Contudo, o clínico deve estar ciente de que essa técnica possui limitações e que a eventual ausência de estalido nem sempre é um indicador preciso da posição normal entre o côndilo e disco. Alguns estudos que utilizaram técnicas avançadas de imagens concluíram que, mesmo com a ausência do estalido, o disco pode permanecer em uma posição mais anteriorizada.

A terapia reposicionadora é indicada ainda para os pacientes com retrodiscite. A redução do traumatismo sobre os tecidos retrodiscais produzida pela placa facilita a reparação destes, com subseqüente formação do "pseudododisco" e remissão da dor.

Escolha da posição terapêutica (reposicionamento mandibular)

Para que se obtenha sucesso na terapia reposicionadora, a escolha correta da posição terapêutica é de fundamental importância. Essa posição representa uma anteriorização mínima da posição de máxima intercuspidação do paciente, que manterá o disco corretamene posicionado entre o côndilo e a eminência, promovendo a eliminação do estalido. A determinação dessa posição terapêutica baseia-se nos procedimentos de diagnóstico de deslocamento de disco com redução.

Técnica de confecção

Os procedimentos de instalação são os mesmos descritos para as placas lisas. Com respeito à posição anteriorizada, é sugerido que o paciente utilize a placa somente para dormir, a fim de manter o relaxamento correto entre o côndilo e do disco durante a noite, período em que o paciente pode realizar bruxismo ou apertamento.

A terapia reposicionadora esta indicada para períodos curtos (até 3 meses). Após este período, se os sintomas forem significantemente reduzidos, a placa reposicionadora deve ser novamente convertida em placa estabilizadora. Entretanto, se os sintomas persistirem, torna-se necessário um período maior de utilização.

Placas resilientes

Este tipo de placa vem sendo utilizado há algum tempo, principalmente no tratamento de mialgias e desarranjos intra-articulares e controle do bruxismo. A razão de sua utilização está baseada na fácil obtenção de contatos na região dos dentes posteriores, sem a necessidade de ajustes. Apesar de alguns estudos utilizando esse tipo de aparelho demonstrarem sua efetividade na redução dos sintomas, a literatura, em sua maioria, indica que as placas rígidas são mais efetivas.

Segundo alguns autores que compararam a efetividade de placas rígidas e resilientes, a efetividade de placas rígidas e resilientes sempre foi maior do que a observada em pacientes portadores de placas rígidas. Tem sido especulado que a resiliência do material estimula o paciente a realizar o apertamento.

Publicada em 22/05/12 e revisado em 27/07/17



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