Fisioterapia Neurológica na Síndrome de Down







A Síndrome de Down (SD) foi inicialmente descrita em 1866 pelo médico inglês Jonh Langdon Down, que relacionou as características clínicas de crianças portadoras da doença da Europa. Entretanto somente em 1959, após análise de material genético feito pelo geneticista francês Jérôme Lejeune, foi descoberto que se tratava de uma anomalia cromossômica do cromossomo 21, na qual havia excesso. Lejeune então a batizou de SD em homenagem ao seu antecessor, Dr. Down

Em relação ao processo de desenvolvimento, em geral, as pessoas com SD apresentam evolução comportamental em acordo aos padrões e sequências de desenvolvimento que caracterizam a população normal. No entanto, a duração de suas sinapses é diminuída, tendo em vista apresentarem uma imaturidade nervosa e a não mielinização das fibras nervosas e, ainda, uma densidade neuronal menor em 80% dos casos

Todos os neurônios formados são afetados na maneira como se organizam em diversas áreas do sistema nervoso e não só há alterações na estrutura formada pelas redes neuronais, mas também nos processos funcionais da comunicação de um com o outro.

As crianças com SD possuem incapacidades motoras na qual possuem aumento da probabilidade de desenvolver deficiências decorrentes da sua habilidade limitada em explorar o ambiente, consequentemente a criança apresentará atraso no desenvolvimento neuropsicomotor devido à imaturação nervosa e a não mielinização das fibras o que acaba dificultando as funções cognitivas. O atraso motor consiste na diminuição da força dos músculos que potencializa a incapacidade musculoesquelética, assim ocasionando limitações nos marcos iniciais da motricidade e por seguinte no funcionamento motor.

Há ainda as características como face redonda e achatada, fendas palpebrais inclinadas, mãos curtas e largas, occipício achatado, orelhas anormais, tônus muscular diminuído e falta de crescimento. Associada a essas características estão também doenças cardíacas congênitas, colón aumentado, bloqueio intestinal e doenças respiratórias.

A Síndrome de Down (SD) é conhecida por apresentar um perfil neuropsicológico complexo com diversos graus de comprometimento nas diversas áreas de desenvolvimento.  As pessoas com a síndrome, costumam ser menores e ter um desenvolvimento físico e mental mais lento que as pessoas sem a síndrome e é a forma mais comum e estudada de retardo mental de causa genética.

Os pacientes apresentam uma ampla variabilidade nos índices e na velocidade de desenvolvimento, indo de leve a moderado: alguns não apresentam retardo e se situam entre as faixas limítrofes médias e baixas, já outros ainda podem ter retardo mental severo. Terapias de reabilitação multidisciplinar iniciadas precocemente auxiliam crianças com SD a desenvolver habilidades que proporcionem níveis significantes de independência nas atividades da vida diária.

A função do cerebelo é ajustar os movimentos corporais, integrando as informações proprioceptivas e as sensações sinestésicas para realizar os movimentos voluntários. Influi sobre o modo como devem desenvolver os grupos musculares distintos, contribui para manter o equilíbrio e ajuda a relacionar os padrões de movimentos. Há autores que defendem que as alterações no cerebelo são as mais constantes e significativas na Síndrome de Down, considerando que o cerebelo na Síndrome de down é menor e que se mantém hipoplástico ao longo da vida.

Na Síndrome de Down não há dificuldade em executar atividades antigas com um conhecimento rotineiro, mesmo sendo longas, mas pode surgir alguma dificuldade quando tiver que construir uma conduta nova, que exija organização programada, uma nova sequência de atos. Todos os neurônios são afetados em sua organização nas diversas áreas do sistema nervoso. Há alterações na estrutura formada pelas redes neuronais, e também nos processos funcionais da comunicação entre elas. Essas alterações podem exercer influência sobre o desenvolvimento inicial nos circuitos cerebrais, afetando a instalação e as consolidações das conexões de redes nervosas necessárias para estabelecer os mecanismos da atenção, memória, capacidade de correlação e análise, pensamento abstrato, e outros. A criança nasce frequentemente com hipoplasia nos lóbulos frontais e occipitais, redução no lóbulo temporal em até 50% dos casos, que pode ser unilateral ou bilateral. Em alguns cérebros, observa-se diminuição do corpo caloso, da comissura anterior e do hipocampo.

Area Motora

Na área motora, se caracteriza por hipotonia global que justifica (em parte) o atraso do desenvolvimento motor.  Em geral, a criança com SD apresenta apenas atraso leve em relação à aquisição dos marcos de desenvolvimento nos primeiros anos de vida.  Com o passar dos anos, com a aquisição dos marcos mais complexos, se torna mais evidente a distância entre o desenvolvimento das crianças com SD às outras da mesma idade. É portanto, de suma importância que terapias de reabilitação e estimulação sejam iniciadas o mais cedo possível, a reabilitação desde a fase mais precoce visa primeiro o desenvolvimento motor grosseiro e apenas em seguida, o refinamento dessas habilidades.

Fisioterapia

A fisioterapia é oferecida principalmente como um serviço preventivo. As crianças têm a chance de experimentar o movimento apropriado, estabelecendo padrões de movimento de melhor qualidade e evitando os desalinhamentos posturais. Assim como oferece às crianças "condições que despertem o desejo de reagir aos estímulos e, assim, desenvolver suas habilidades motoras".

A hipotonia está presente em todos os indivíduos com SD, porém sua apresentação é variável. Essa condição, associada a frouxidão ligamentar, faz com que elas tenham um atraso no desenvolvimento motor global, inclusive nas aquisições motoras como, sustentar a cabeça, rolar, sentar, arrastar, engatinhar, andar e correr. Essas crianças precisam ser estimuladas adequadamente e, assim, alcançarão o potencial de desenvolvimento adequado, mesmo que mais tarde que as outras crianças. Por essa razão, faz-se necessária a intervenção de uma equipe multidisciplinar para estimulação precoce e orientação aos pais e cuidadores.

A intervenção da fisioterapia motora em crianças com SD utiliza técnicas e métodos que promovam o movimento adequado, o equilíbrio e o correto alinhamento postural, como o Conceito Básico Neuroevolutivo – Bobath, hidrocinesioterapia, equoterapia, dentre outros 

Em uma sessão típica de fisioterapia devem-se observar quais habilidades a criança já dominou sozinha e então determinar o que a criança está pronta para aprender a seguir. É fundamental ensinar às crianças o que elas estão prontas a aprender nas próximas sessões, em vez de trabalhar em algo muito avançado para elas. Os brinquedos são um bom suporte para auxiliar a mudança de transição da criança, visto que, pelo interesse pelo brinquedo ela vai se deslocar e mudar de posição. As brincadeiras auxiliam tanto para atividade motora quanto para atividade, estimulação, mental e afetiva

Além disso, é interessante, e importante, ensinar exercícios aos pais para os mesmos praticarem com seus filhos. Os pais podem praticar as atividades quando a criança estiver descansada e forte, e essas podem ser incorporadas na rotina diária. Através da prática e da repetição, a criança desenvolverá força e eficiência, levando ao domínio do movimento.

Equoterapia para Síndrome de Down


Vi essa observação sobre equoterapia nesse texto e resolvi compartilhar. Além desse tipo de fisioterapia no solo, existe também a fisioterapia com cavalos, que é chamada de equoterapia. Nela, o próprio cavalgar já ajuda a melhorar o equilíbrio das crianças.

Geralmente esse tipo de tratamento começa entre 2 e 3 anos de idade com sessões 1 vez por semana, mas alguns exercícios que podem ser indicados são:

  • Cavalgar com olhos fechados;
  • Retirar um pé do estribo;
  • Segurar o pescoço do cavalo, abraçando-o enquanto cavalga;
  • Soltar os pés dos 2 estribos ao mesmo tempo;
  • Fazer exercícios com os braços enquanto cavalga, ou
  • Cavalgar de pé ou agachado.

Está comprovado que as crianças que fazem tanto equoterapia, quanto fisioterapia no solo, apresentam melhores ajustes posturais e tem reações de adaptação para não cair mais rápidas, tendo maior controle dos movimentos e conseguem melhorar sua postura corporal mais rápido.



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