Musculatura da ATM







Os músculos da ATM que agem diretamente são os abaixadores e elevadores da mandíbula.  Os elevadores são o Pterigóideo medial, o masseter e o temporal. Os abaixadores diretos são o pterigóideo lateral e o digástrico. É claro que os músculos supra-hioideos são também abaixadores, mas não diretamente e exercem função secundária neste quesito. Dentre os supra-hioideos inclui-se, além do digástrico, o miloioideo, o genioglosso e o genioideo.

Embora as inserções mandibulares de todos estes músculos já tenham sido vistas, lembremos que entre os elevadores:

a)     O músculo masseter com suas partes superficial e profunda estende-se do arco zigomático à maior parte da face lateral do ramo da mandíbula.

b)    O músculo temporal insere-se em leque na fossa temporal e alcança, com o seu tendão, o contorno e as faces medial e lateral do processo coronóide da mandíbula.

c)     O músculo pterigoideo medial estende-se da fossa pterigóide à face medial do ângulo da mandíbula.

O movimento de elevação da mandíbula é realizado pela ação coordenada do masseter, temporal e pterigoideo medial. As atividades equilibradas destes músculos, bilateralmente, são fundamentais para elevar a mandíbula com suavidade, levando os dentes inferiores à oclusão com os dentes superiores. Naturalmente que os músculos elevadores têm, também, a função de fechar a boca.

Entre os músculos abaixadores da mandíbula, temos o pterigoideo lateral e os supra-hióideos.

a)     O músculo pterigoideo lateral, embora este músculo seja classificado como abaixador da mandíbula, possui dois feixes de fibras cada um trabalhando de maneira diferente durante a abertura mandibular.  Este (em especial seu feixe inferior) estende-se da lâmina lateral do processo pterigóide do esfenóide à fóvea do processo condilar da mandíbula e à articulação temporomandibular. É o músculo principal que realiza a abertura. O feixe superior do pterigoideo lateral leva o disco articular e o côndilo para frente, ajudando a abertura.

O movimento de protusão da mandíbula é conseguido pela contração bilateral simultânea dos músculos pterigóideos laterais,

A retrusão da mandíbula é efetuada pela contração do feixe posterior do temporal e também pela ação do digástrico e outros músculos supraioideos.

O movimento de lateralidade, essencial para se triturar os alimentos, é efetuado pela ação do pterigoideo medial e lateral no lado de trabalho e pelo temporal no lado de balanceio.

OSSO HIÓIDE

É claro que a musculatura infra-hióidea também participa da abertura da mandíbula pelo menos indiretamente na medida em que impede a ascensão do osso hióide por ocasião da contração da musculatura supra-hióidea.  Entretanto limitaremos nossa discussão aos músculos supra-hióidea não só porque estes tem uma participação mais direta como também para não tornar este texto demasiadamente enfadonho.                  

Os músculos supra-hioideos estão dispostos acima do osso hióide, na parte ântero-superior do pescoço. Unem o osso hióde à mandíbula e à base do crânio, movimentam o osso hióide e a mandíbula. Em conjunto, essa musculatura supra-hióidea constitui o assoalho da boca: sustenta o hioide, fornecendo uma base para a língua, e tem relação com a deglutição e produção do som.

São eles:

Músculo digástrico: formado por dois ventres unidos entre si por uma pequena junção tendinosa, que desce em direção ao hioide, estendendo-se da apófise mastóide (aí se insere o ventre posterior) à face interna do corpo da mandíbula nas fóveas digástricas, próximo ao plano sagital mediano. O tendão mediano é preso ao osso hióide por uma alça fibrosa.

As duas projeções, anterior e posterior, tem origem embriológica distinta: respectivamente, são provenientes da musculatura relacionada ao 1° e 2° arcos faríngeos. Por esse motivo, não são inervadas pelo mesmo nervo craniano.

Inervação: Nervo Facial (ventre posterior) e Nervo Mandibular (ventre anterior)

Músculo miloioideo: constitui com seu homônimo do lado oposto o assoalho muscular da cavidade bucal. Insere-se na face interna do corpo da mandíbula, no corpo do osso hióide e em uma rafe (linha ou crista de junção de duas partes homólogas) fibrosa, mediana, que se estende da espinha mentoniana ao osso hióide.

Inervação: Nervo Mandibular (Ramo do nervo Trigêmeo - V par craniano)

Músculo genioideo: situado profundamente à porção mediana do músculo miloideo, estendendo-se da espinha mentoniana ao corpo do osso hióide (figura abaixo).

Inervação: Nervo Hipoglosso (XII par de nervo craniano).

A articulação temporomandibular normal move-se com liberdade, sem esforços intensos e sem dor. O caráter básico do movimento da articulação é o de rotação em bisagra (dobradiça). Na abertura da boca os côndilos rodam em torno de um eixo horizontal e, concomitantemente, projetam-se para frente. A rotação do côndilo para trás fecha a mandíbula. Em oclusão cêntrica (dentes em relação dentária intercuspídea) a parte posterior do côndilo repousa contra a parte central do menisco. O tecido retrodiscal atua como uma almofada elástica no movimento mandibular. Mesmo durante o movimento mais retrusivo da mandíbula, o côndilo não alcança a parte mais posterior da cavidade glenóide.

Desse movimento participa o compartimento superior da ATM. O menisco desloca-se com rapidez para frente e percorre uma distância maior que o côndilo. Isto porque o feixe superior do pterigoideo lateral, que traciona o menisco em direção anterior, contrai-se antes que o feixe inferior do mesmo músculo, o qual, basicamente, desloca o côndilo para diante e para baixo.

Esse fenômeno da contração em tempos diferentes dos feixes do pterigoideo lateral foi demonstrado por eletromiografia.

Em abertura bucal máxima, o côndilo encontra-se normalmente abaixo da parte mais convexa da eminência articular.

Em certos casos, o côndilo desliza para frente da eminência, fora da cavidade glenóide, de maneira que a face posterior do côndilo situa-se pela frente da vertente anterior da eminência. Quando ocorre essa situação uni ou bilateralmente e é reversível pela ação do próprio paciente, caracteriza-se a chamada subluxação.

Quando ocorrem alterações na ATM, afetam em graus variados a mobilidade articular, bem como a relação espacial entre o menisco e o côndilo. Em movimentos normais de mandíbula os feixes, superior e inferior, do pterigoideo lateral atuam harmoniosamente. Havendo rompimento de harmonia da função, o côndilo pode chocar-se com a borda do menisco, ao começar o fechamento e abertura mandibular, ou ao final do movimento.


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