Pseudoartrose: Dor de Origem Óssea




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É muito comum o paciente ter uma queixa de 'dor nas juntas'. Subir ou mesmo descer escadas, sentar-se ou levantar-se, caminhar, fazer os trabalhos corriqueiros, carregar peso ou fazer um movimento mais pronunciado vai se tornando difícil. Aquela dor, intermitente, vai aos poucos se instalando até fazer parte da rotina da pessoa, como uma companhia constante. Para evitar confusões no diagnóstico, é preciso que o paciente saiba descrever com certa clareza o que está sentindo, quando e como aquela dor começou. A correta descrição dos sintomas é fundamental não apenas para o diagnóstico, mas a obtenção dos exames e do tratamento adequado, pois a pessoa pode estar com um problema praticamente desconhecido da comunidade leiga, que é a pseudoartrose.

Para chegarmos na pseudoartrose, precisamos diferenciar o que é artrose e o que é pseudoartrose, pois são problemas distintos e requerem tratamento diferenciado.

E para que o assunto fique ainda mais claro, é preciso, antes de mais nada, esclarecer outra nomenclatura que dá margem a enganos por parte de pessoas leigas: artrite e artrose, que muitas vezes são nomeadas indistintamente.

Embora a artrite e a artrose sejam doenças diferentes, elas são facilmente confundidas, uma com a outra. Há duas razões para tanto: em primeiro lugar, seus nomes são muito parecidos. Em segundo lugar, ambas estão ligadas a problemas relacionados com as articulações. Mas o que é a artrite e o que é a artrose? A Sociedade Brasileira de Reumatologia explica:

Artrite - Quando existe uma inflamação nas articulações, chamamos a essa enfermidade de artrite.

Artrose - Quando as articulações sofrem um desgaste, estamos então diante de um caso de artrose.

O que é a Pseudoartrose?

Pseudoartrose é a não consolidação de uma fratura, isto é, o osso 'não cola', explica Dr. Mauro Bosi, médico especializado em Medicina do Esporte e Ortopedia, no Hospital Municipal e no Hospital Unimed de Americana, SP.

Após um trauma ou fratura, um tratamento é feito com o objetivo de que as partes de um osso tornem a se unir ou soldar. Para isso, é importante que a circulação sangüínea esteja ocorrendo normalmente.

Quando isso não acontece, geralmente após 3 a 6 meses de tratamento e nos ossos em que a circulação está deficiente, relata Dr. Bosi, surge então o problema da pseudoartrose.

Também definida como falsa articulação, a pseudoartrose caracteriza-se então pela falta de consolidação óssea em relação a uma fratura ou mesmo a uma artrose, de acordo com o Hospital das Clínicas da FMUSP.

Assim, lembra Dr. Bosi, a pseudoartrose não tem nada a ver com artrose, pois esta última é a degeneração – ou o chamado desgaste – da cartilagem articular.

A pseudoartrose pode incidir, e de que forma, em jovens saudáveis?

Qualquer pessoa pode ter independente da idade, relata Dr. Mauro Bosi, e acrescenta: é muito comum ocorrer, por exemplo, em fraturas expostas dos ossos da perna.

Uma Doença Rara?

A pseudoartrose não é uma doença rara, embora não seja tão conhecida da população. Ao contrário, ela é bastante comum e é alvo de inúmeros estudos na área científica, entre eles, por exemplo, a deficiência femoral proximal, que é dividida em vários tipos. No Tipo A de deficiência femoral proximal, segundo a classificação de Aitken, verificou-se que o osso se encontra acentuadamente angulado, podendo haver uma pseudoartrose. No Tipo B da classificação de Boyd (tíbia - displásica), ocorre com um encurvamento anterior. A fratura ocorre espontaneamente ou após um trauma mínimo antes dos dois anos de idade. As extremidades ósseas no foco da pseudoartrose são atróficas, lembrando uma ampulheta. Associada a manchas "café-com-leite", estigma de neurofibromatose. Em geral, a fíbula também está comprometida. Este tipo é o mais comum e também o de prognóstico menos favorável que em outros tipos de deformidade congênita, entre os quais se encontra o pé torto, este com bom prognóstico.

Na pseudoartrose da coluna lombar, há um estudo de John M. Larsen, MD, que indica que o melhor método de prevenção é o diagnóstico correto para indicação de cirurgia e uma técnica cirúrgica bastante criteriosa.

Como o Médico Descobre a Pseudoartrose?

As melhores formas de se diagnosticar a pseudoartrose, segundo Dr. Mauro Bosi, são justamente as investigações feitas através do exame clínico, manipulando-se cuidadosamente a fratura, para se verificar se existe movimento entre os fragmentos. E também por meio dos exames de radiografia.

As formas mais conhecidas de tratamento são em número reduzido, mas eficazes.

A pseudoartrose sempre necessita de tratamento e geralmente é necessária uma intervenção cirúrgica para corrigir o problema, lembra Dr. Bosi. Ele acrescenta que existe também um tratamento com ultrassom, em que o calo ósseo é estimulado. Algumas diferenças entre os tratamentos de países como Brasil e Cuba estão descritas no final deste artigo.

Nem sempre, no entanto, uma fratura pode evoluir para uma pseudoartrose. Para isto, Dr. Bosi indica que a melhor forma de prevenção é iniciar o tratamento de qualquer fratura imediatamente, sempre buscando uma estabilização da mesma.

Caso a fratura não seja detectada e a pessoa continue fazendo movimentos, e caso não seja estabilizada logo após sua ocorrência, podem ocorrer deformidades, encurtamento do osso e, conseqüentemente, dos membros, além de rigidez articular e dor.

Dentre as formas de tratamento mais indicadas para curar a pseudoartrose, Dr. Mauro Bosi indicaria, se houvesse disponível em larga escala, o tratamento com ultrassom.

A pseudoartrose, portanto, não é uma doença rara, ao contrário, é fácil de ser encontrada, quando é decorrente de fraturas. Dr. Mauro Bosi explica que as fraturas expostas de tíbia, de úmero – um dos ossos do braço – e também dos ossos do antebraço e de ossos do carpo, no punho, são relativamente comuns e, se não tratadas, podem resultar na doença.

Em geral, como uma fratura provoca dor intensa no indivíduo, este tende a procurar ajuda médica o mais rápido possível, o que acaba sendo benéfico. Dr. Bosi lembra que o mais importante é prevenir a pseudoartrose, tratando corretamente as fraturas desde o seu início.

Experiências Cubanas

O Hospital Militar Central, em Cuba, realizou um estudo clínico em dois grupos de pacientes com alterações na continuidade óssea, entre eles estando alguns pacientes com pseudoartrose e defeitos ósseos, aos quais se aplicou o campo eletromagnético pulsátil no nível da região afetada como tratamento coadjuvante, a fim de avaliarem os efeitos deste na indução da osteogênese. Havia, entre esses pacientes, pessoas de 5 a 72 anos e o êxito obtido foi de 88%, sendo esta porcentagem ainda maior nos portadores de pseudoartrose.

Segundo este estudo, há alguns anos que, a poucas horas de vôo daqui, se estuda os fenômenos relacionados com a magnetoterapia e seus efeitos sobre a consolidação óssea.

O trabalho desenvolvido no Hospital Militar de Cuba foi apresentado como uma experiência clínica, depois de uma fase de experimentação animal no uso do campo eletromagnético pulsátil, como auxiliar no tratamento das lesões ósseas consideradas de difícil solução, como são, segundo os pesquisadores do HM, as pseudoartroses e os defeitos ósseos.

A aplicação eletromagnética nesses tipos de lesões ortopédicas foi favorável, pois no caso das pseudoartroses se conseguiu, pela primeira vez naquele país, a união óssea sem interferência cirúrgica na área afetada. O estudo mostra que, dos pacientes tratados pela pseudoartrose, três tiveram dores que desapareceram ao diminuir a intensidade e o tempo de aplicação da magnetoterapia e as lesões se consolidaram bem.

Por que, então, se Recomenda a Cirurgia?

Aqui, a palavra final é ainda de Dr. Mauro Bosi, médico brasileiro. Ele explica que a medicina, em Cuba, se encontra entre as mais avançadas do mundo. O experimento feito com eletromagnetismo nada mais é do que o ultrassom, que Dr. Bosi também cita em suas afirmações como sendo um excelente método. No entanto, ele aconselha a cirurgia porque é este o método disponível no Brasil no momento.

Enquanto que, em Cuba, os hospitais são subsidiados pelo governo e os recursos de ultrassom estão, pelo visto, amplamente disponíveis, não se dá o mesmo no Brasil, onde o SUS, por exemplo, não conta com aparelhos para esse fim. No Brasil, para o tratamento de problemas ósseos como a pseudoartrose, os recursos de ultrassom estão disponíveis apenas nos hospitais particulares mais bem aparelhados e mais ricos, e não para a população em geral. É esperar para ver se há mudanças.

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