A fisioterapia no tratamento conservador de Hálux Valgo




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Aquilo a que muitas pessoas chamam "Joanete" é denominado na comunidade científica como Hallux valgus ou hálux valgo. Consiste num desvio lateral acentuado, para o lado externo (daí o termo valgo, de valgismo) do primeiro dedo do pé.

Em condições normais, o primeiro dedo do pé, cuja denominação em latim é hallux, encontra-se perfeitamente alinhado com o primeiro osso metatársico. Em caso de hallux valgus, o metatarso é desviado para a parte interna do pé, enquanto que o primeiro dedo fica inclinado em direção aos outros dedos do pé, sobrepondo-se ou "empurrando-os", o que provoca a formação de uma proeminência na base do primeiro dedo, designada joanete. Isso faz com que a articulação que une a primeira falange ao metatarso formar um ângulo fechado virado para a parte interna do pé. A proeminência óssea na base do hálux, ou entre as duas falanges, formando o hálux valgo interfalangeano, ou interfalângico. No entanto, o primeiro é talvez o mais comum.

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O tratamento mais divulgado para o joanete é a cirurgia, contudo, como fisioterapeutas, além de informar o que é e porque acontece, vamos focar nesta matéria a possibilidade de um tratamento conservador, pouco explorado no meio ortopédico.

Avaliação

Geralmente, o exame físico é realizado com o paciente sentado e em pé, já que ao colocar o peso do corpo sobre o pé a deformidade, tanto do dedão como qualquer outra alteração biomecânica (de alinhamento), será acentuada. O exame minucioso da musculatura do pé e dos nervos dessa região deve ser realizado. Deve-se observar a caminhada se há alterações mecânicas (músculo-esqueléticas) importantes para a escolha do tratamento adequado. Geralmente, pacientes com joanete comumente apresentam fraqueza do músculo tibial posterior, pé plano (chato) e hiperpronado.

O raio-X pode auxiliar na identificação de outras anormalidades, como dedos em martelo ou em garra, subluxações e luxações do segundo dedo decorrente da gravidade do joanete. O raio-X também esclarece o quão severo é o joanete.

A formação do joanete resulta na limitação do movimento da articulação do dedão. Se levarmos em consideração que uma corrida que acarreta uma sobrecarga (250% do peso corporal) sobre os ossos da parte da frente do pé, enquanto que a caminhada resulta em apenas 80% do peso corporal, fica claro o quanto a limitação funcional do movimento do dedão pode comprometer a performance do praticante da atividade física.

Tratamento

O tratamento conservador deve ser a primeira alternativa, já que a cirurgia de correção do hálux valgo tem como principal conseqüência a rigidez ou diminuição do movimento da articulação metatarsofalangeana. Isso pode causar um mecanismo compensador que pode levar a outros problemas ortopédicos.

É importante que o  tratamento do hálux valgo se foque nas alterações biomecânicas que, associadas, podem causar essa deformidade.

O objetivo inicial do tratamento é diminuir a dor e a inflamação. O uso do  ultra-som, gelo e mobilização articular do hálux se faz necessário. A utilização de medicação antiinflamatória auxilia o tratamento fisioterapêutico e deve ser prescrita por um especialista (ortopedista). As atividades fisicas devem ser  modificadas para reduzir o stress causado no joanete.  As atividades mais indicadas para essa fase são: ciclismo, natação, remo e deep running (corrida dentro da água com uso de flutuadores).

Junto com a redução da dor, o profissional deve ter como objetivo a reabilitação  da marcha, o que envolve equilíbrio muscular e adequado alinhamento das articulações do membro inferior. É necessário o inicio de exercícios de relaxamento e alongamento dos músculos/tendões da perna e pé que se apresentam encurtados, evitando limitação do movimento nestas regiões.

Os principais músculos a serem alongados são: os músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) e o músculo que dobra o dedão (flexor longo do hálux). O alongamento do músculo do dedão deve ser realizado e instruído pelo fisioterapeuta, que ao aplicar suave tração na articulação buscará primeiramente o alinhamento da articulação, já que deformidade deve ser corrigida manualmente antes da aplicação de força na direção que se deseja alongar.

Se possível, é importante iniciar um programa de fortalecimento para a musculatura intrínseca do pé e músculos da perna. Os músculos mais importantes a serem fortalecidos são: músculos abdutores e rotadores externos do quadril, tibial posterior (este músculo ajuda no suporte do arco do pé, controlando a pronação) e os músculos da sola do pé.

A progressão do número de repetição e resistência indicada para cada exercício depende da força inicial de cada músculo e da presença de dor um dia após os exercícios. Portanto, deve ser definida pelo fisioterapeuta que está guiando o seu tratamento.

O tratamento pode durar em média três a seis semanas e o fisioterapeuta deve estar atento se o paciente é ativo fisicamente.



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