Paralisia Cerebral Espástica





A Paralisia Cerebral afeta os movimentos e a postura e é causada por uma lesão cerebral fixa, não progressiva, que ocorre antes, durante, ou depois do nascimento. O dano cerebral numa Paralisia Cerebral não é reversível, produzindo incapacidade física pelo resto da vida.


A Paralisia Cerebral classifica-se como:

* Atáxica (1% dos casos) na qual ocorre hipotonia e incapacidade motora;

* Atetóide (20% dos casos), onde ocorre hipotonia na primeira infância. O sinal diagnóstico precoce é a postura anormal da mão quando a criança tenta atingir um objeto. Há presença de movimentos involuntários anormais;

* Espástica (75% dos casos) e na qual daremos ênfase, ocorre hipertonicidade, hiperreflexia e persistência anormal dos reflexos neonatais, pernas em tesoura, posturas anormais dos membros e contraturas, dificuldade de deglutição e salivação excessiva (Monteggia, 2003).

A Paralisia Cerebral Espástica apresenta os seguintes tipos clínicos:

1) TETRAPLEGIA: mais freqüente muito grave. As manifestações clínicas são observadas desde o nascimento e se agrava conforme a criança vai crescendo. Há uma imprópria distribuição do tônus muscular: hipertonia dos músculos dos membros superiores e inferiores e hipotonia dos músculos eretores da cabeça e do tronco, que não consegue sustentar a cabeça na época normal, por volta dos três meses, e quando manipulados apresentam espasticidade.

Compromete:

- Desenvolvimento psicomotor, ou seja, a manipulação de objetos com membros superiores, não sentam, engatinham ou ficam em pé na época normal;

- Fala;

- Sono;

- Não consegue cerrar a boca, salivação excessiva (sialorréia) e dificuldade para engolir(disfagia);

- Durante o choro a hipertonia se evidência, ocorrendo hiperextensão do tronco e membros;

- Membros inferiores ficam em extensão e adução formando um X, às vezes em posição viciosa: pé eqüino, flexão das pernas sobre as coxas;

- Membros superiores ficam muitos espásticos, com o cotovelo e punho em flexão. Ocorre incapacidade motora, às vezes necessitando de correção cirúrgica. Os casos com espasticidade muito intensa apresentam-se em extensão;

- Os reflexos arcaicos persistem sendo que nos casos mais graves as mãos ficam fechadas e os dedos fortemente fletidos;

- Estão presentes freqüentemente a preensão reflexa dos dedos da mão e do pé, reflexo de Moro, mesmo com um limiar muito baixo, e a marcha reflexa, podendo dar impressão de que a criança está querendo andar. Estes reflexos deveriam ter desaparecidos por volta dos três meses, se fosse normal;

- As convulsões ocorrem em 50% dos casos, acompanhadas por espasmos em flexão e extensão, que podem ocorrer agrupados ou isolados. Quanto mais grave o caso, maior é o número de espasmos e mais freqüentes estes aparecem;

- Há diminuição do perímetro craniano, achatamento da região parietoccipital de um dos lados e diminuição do Q.I. com conseqüente diminuição das funções intelectuais;

- A fala é rudimentar ou ausente, e a percepção da palavra diminui;

- A criança sofre freqüentes infecções nos pulmões e vias aéreas superiores.

2) HEMIPLEGIA: não é notada nos primeiros dias de vida, a criança só é levada à consulta com alguns meses de vida, geralmente quando os pais notam que ela só utiliza os membros de um hemicorpo. Em alguns casos em que a hemiplegia é muito acentuada, logo ao nascer é percebida a patologia. Os pais confundem os filhos com canhotos em hemiplegias direitas, que são mais freqüentes que as esquerdas.

Compromete:

- Desenvolvimento motor, notado após seis meses, quando começa usar os membros inferiores para ficar em pé, engatinhar e andar;

- A hemiplegia é desproporcional, ou seja, mais acentuada nos membros superiores;

- A face é raramente comprometida; - quadro é menos grave que o anterior, há sincinesia ( imitação ), do hemicorpo afetado em relação ao lado são;

- A inteligência é bem menos afetada que na anterior, e não há diferença entre hemiplegia direita e hemiplegia esquerda em relação ao Q.I.;

- A fala também é afetada, às vezes pode ser normal apenas com retardo na aprendizagem;

- A ocorrência de convulsões também é bem menor, sendo mais freqüente nas hemiplegias adquiridas durante a infância;

- Membros Superiores : hipertonia em flexão;

- Membros Inferiores: hipertonia em extensão, pé eqüinovaro: apoio sobre os dedos, com deformação e posição viciosa. Os membros se atrofiam, ficando bem menores que os sãos, dificultando ainda mais a marcha.


3) DIPLEGIA CEREBRAL: (Paraplegia) ocorre em 17.7%. Difícil diagnóstico de início desse tipo de Paralisia Cerebral. Grande predomínio de distúrbios motores e do tônus nos membros inferiores, sendo os membros superiores pouco atingidos. O quadro neurológico é caracterizado por:

- Comprometimento motor dos membros inferiores

No 1º semestre:

· Nota-se atraso no ultrapassar as etapas de controle da cabeça e do tronco
· Retardo para sentar-se ou manter-se sentado

No 2 º semestre:

· Incapacidade motora se torna bem flagrante
· Criança faz bom uso do membro superior, prende objetos com as mãos, manipula, mas não mantêm-se em pé com quase 10 meses como crianças normais
· Coloca-se a criança em pé, ela estende os membros inferiores e aduzem as coxas assumindo a posição em X ou tesoura

No 2º ano:

· O quadro se torna exuberante e a incapacidade de andar é sintoma principal

*** Se a criança não receber atenção adequada, já no 2 ano pode retrair os músculos adutores da coxa, dificultando ainda mais a marcha, os pés assumem a posição eqüinovara o que dificulta ainda mais no andar.

O exame neurológico mostra:

* Sinais de déficit e liberação ;
* Reflexos profundos exaltados, podendo ter clono do pé e trepidação ;
* Cutâneo plantar em extensão (o hálux às vezes pode ficar nessa posição ) ;
* A fala é normal nos 50% dos casos
* Retardo na aprendizagem e a disartria ( + freqüente )
* Convulsões ( bem menos freqüente em 19% dos casos )

Dicas do mês para estudantes e profissionais de Fisioterapia


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