Considerações sobre Artrose no joelho de quem pratica esporte






A artrose do joelho é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo, marcada pelo desgaste da cartilagem, tecido que reveste a extremidade dos ossos, inchaço e deformidades. A doença é responsável pela terceira maior causa de afastamento de trabalho no Brasil, atrás apenas das dores nas costas e da depressão. Segundo o Ministério da Saúde, a doença atinge, atualmente, 15 milhões de pessoas no país. No mundo, ela é a quarta enfermidade que mais reduz a qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Apesar de ser considerada uma doença da terceira idade, o crescente número de casos entre atletas e praticantes de esporte tem sido preocupante e tem despertado a atenção da ciência, levando a inúmeras pesquisas na área. 

Todos nos podemos ter artrose em algum momento de nossas vidas. Estudos indicam que a obesidade, sedentarismo e fraqueza muscular aumentam as chances de uma pessoa desenvolver a lesão. 

Estatisticamente, quem já foi submetido a cirurgias como a reconstrução do ligamento cruzado anterior, posterior e, principalmente, após a retirada parcial ou total dos meniscos, nossos principais "amortecedores", tem maior chance de desenvolver a artrose, mesmo que esta ocorra em apenas um ponto do joelho. 

Devido a fatores anatômicos, onde a pelve mais larga o fêmur faz um ângulo maior que no homem na vertical (em média, 17º na mulher e 14º no homem). Isso faz com que haja uma distribuição anormal de peso, com maior tendência de sobrecarga na região externa do joelho, principalmente na porção externa da patela. Alguns estudos mostram que mulheres atletas têm aproximadamente o dobro de propensão em comparação com os homens. Tratando-se de mulheres negras, essas têm o dobro de propensão à artrose no joelho em comparação com mulheres brancas. 


A dor de caráter progressivo geralmente é o primeiro sintoma. Geralmente, acentua-se com a atividade física (degraus, subida e descida de escadas, esportes de contato e movimentos repetitivos) e é diretamente proporcional ao excesso de peso. 

O joelho inchado (derrame articular) é o segundo sintoma e é muito frequente em pessoas que têm a doença e praticam esportes. Outro sintoma marcante é a perda progressiva do movimento e rigidez articular. Os efeitos da artrose no esporte vão desde queixas moderadas como inchaço e dores leves após o esporte à incapacitação plena para atividades da vida diária. 

Com o passar dos anos, por motivos profissionais e familiares, muitas pessoas tornam-se menos ativas. Infelizmente, o sedentarismo leva a atrofia muscular, com perda da capacidade de absorção de energia cinética e redução da resposta neutro-motora dos movimentos com consequente sobrecarga articular e degeneração. 

Sabe-se, hoje, que os exercícios aeróbicos como a corrida, ciclismo e natação melhoram a saúde do coração e permitem que os músculos trabalhem de forma mais eficiente, protegendo os joelhos. Segundo a Sociedade Americana de Reumatologia, o recomendado é 30 minutos por dia durante cinco dias por semana – ou seja, 2,5 horas. Espera-se melhora de sintomas após aproximadamente seis a oito semanas de exercícios regulares.
No entanto, pessoas que praticam esporte sem a preparação prévia, sem orientação e com volume e intensidade acima da capacidade fisiológica individual possuem enorme risco de acelerarem a degradação cartilaginosa, com consequente artrose precoce.

O check up esportivo a melhor forma de se avaliar e prevenir o desenvolvimento da artrose. Testes funcionais e de equilíbrio muscular, como o discinético são, ao meu ver, de suma importância. Além disso, fatores como a anatomia individual, sobrepeso, história familiar de artrose e esporte praticado têm que ser analisados e bem orientados. Por fim, a criação de um canal de comunicação entre equipe de saúde e o profissional de educação física deve ser estabelecido para a prescrição do treino, respeitando a capacidade fisiológica individual.
 

Felizmente, graças aos recentes avanços em medicina esportiva, a resposta tem sido cada vez mais não! Procedimentos como a infiltração do joelho com acido hialurônico parecem ter efeito benéfico sobre a cartilagem. Pesquisas publicadas nos últimos cinco anos publicadas em revistas científicas médicas mostraram efeitos como a redução da ativação de células inflamatórias responsáveis pelo desencadeamento da cascata inflamatória que causa destruição articular da artrose, estímulo da produção do próprio acido hialurônico (endógeno), com melhoria da viscosidade do liquido sinovial e ação direta e receptores de dor articular causando analgesia prolongada . 

Sua indicação varia de paciente a paciente e a composição do produto, pelo grau da artrose e é importante ter em mente nunca deve ser instituída como terapia única e sim sempre associada um boa reabilitação, seguida de fortalecimento e reequilíbrio muscular. Pessoalmente, considero o procedimento como adjuvante à reabilitação tradicional e nunca como monoterapia. 

Para os casos mais avançados da doença, técnicas cirúrgicas como a osteotomia, artroscopia e, recentemente lançada no meio médico, a subcondroplastia têm tido excelentes resultados e, quando aliadas a uma boa reabilitação auxiliam em um retorno seguro ao esporte.


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