A importancia da fisioterapia personalizada





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No presente texto, procuro expressar e problematizar sobre o atendimento personalizado na área da saúde, em especial da fisioterapia. A forma que escolhi de apresentação segue um pensamento sobre a qualidade do atendimento e como funciona na intenção de fazê-lo, levando em consideração a dedicação, o compromisso e atenção voltada para o “outro”.

Quando me foi solicitado este texto para a apresentação em um programa intitulado Atendimento Personalizado com diversos profissionais da área da saúde (mental e física), fiquei refletindo como poderia contribuir para que evoluíssemos nesta linha de pensamento e interesse.
A forma que encontrei foi a mais íntima e original possível, ou seja, expor e, de certa forma, contribuir com o diálogo interno sobre este espaço e tempo de entendimento sobre o enfoque do aperfeiçoamento pessoal.

Da experiência ainda não vivida, do desconhecimento do processo que se instala, nascem sentimentos desde interesse e resolução quando se finda o objetivo da procura inicial. E, é na pré-ocupação, no inacabamento, na inclusão e na compreensão deste processo permanente de construção que contribuo para a formulação do conceito de atendimento personalizado.


Apresentação

Neste momento, gostaria de apresentar minhas considerações sobre o tema do qual foi escolhido. Pois se faz necessário entender por que trabalhar com esta premissa e, da mesma forma, ser atendida como indivíduo nesta compreensão na ampla área da saúde humana, resulta em satisfação.

Creio em atendimento personalizado, destes de atributos humanos e educativos, por assim dizer, éticos e estéticos: Hora marcada, sem filas, sem pressa, total participação e individual atendimento.

É ser regido por princípios humanos de qualidade e afetividade dos quais merecemos receber. E descrever sobre isto me faz comunicar e difundir a maneira de fazer o que gosto e, reintegra a realização profissional, que de certa forma educa e encanta pelo que se descobre.

Entender esta forma, também faz pesar sobre como ela poderia se estender a tantas áreas públicas do qual fizemos parte.

Minha intenção é convidá-los a debruçar-se comigo sobre este texto instigante e por se tratar de uma verdade é uma possibilidade de identificar a compreensão de uma análise corporal de um fisioterapeuta diante da resolução de um atendimento personalizado.

Ao longo do mapeamento de uma área de conhecimento, o conhecimento do ser humano, realizado com as minhas mãos, o meu pensamento e minhas palavras que tocam, sensibiliza e se deslocam com a intenção de localizar o que a maioria vai ao encontro do consultório, resolver: a sua dor.

Desvelar um corpo e ter um compromisso com a intenção da resolução de uma dor é ter um encontro com uma história que traduz o sofrimento e o desejo de uma solução que, me pergunto: Está em minhas mãos, nos meus recursos na minha capacidade?

Ter um desumano corpo, doentio e preocupado ou desocupado de si mesmo não é algo difícil de encontrar na subjetividade do primeiro encontro, me faz pensar: Dê-me a sua dor e encontrarei as trilhas do caminho percorrido até então.

Pensemos o contrário um ser humano saudável, realizado pleno em sua experiência, ocupado em si de sua trajetória equilibrada, cooperativa e comunicativa. E do contrário há motivos para o medo, a angústia, o isolamento e a não superação da dor, do lugar da dor e da incapacidade de sozinho resolver o que lhe acomete. E um dos caminhos que percorre este sofrimento esta uma mão, está um fisioterapeuta, neste sentido de direção de atendimento.

Quando encontramos a dor, encontramos um local, uma história, um gemido, um fenômeno fisiológico que pede sensibilidade, humanidade e precisão. E, estamos ali em intenção de tocar, ouvir e contribuir de alguma forma na trajetória de cada um de quem atendemos.

Somos um corpo de sensações desde a tenra idade, de experiências e com tempo nos achamos cobertos de razões, idéias e mentalidades, e esquecemos o vivido o sentido e contribuímos para a reclusão, o abandono e a solidão. E, penso sobre isto, como penso a experiência de receber as sensações durante o atendimento..

É o outro lado de sentir o que penso durante o atendimento.

Isto faz parte a consciência de si, para a construção de um corpo consciente que trás na essência uma informação e justifica a sensibilização da alma encarnada.

O que vim fazer hoje é despertar-lhes como um corpo codifica uma mensagem com o “outro” corpo. È um texto contínuo no meu trabalho sem fim. Sinto e vou fazendo em silêncio e livre, quando vejo tenho um resultado, ou melhor, uma seqüência de resultados para uma seqüência de encontros.

É um trabalho manual para uma dor corporal.

Não estar á toa, uma atenção voltada para dentro, dentro da minha alma. E no bater da porta algo acontece, no profundo e duradouro que é trabalhar manualmente. Que significa colocar o cérebro a funcionar no reconhecimento de algo que é sentido, e precisa ser reconhecido. E o cérebro se põe a funcionar nas mãos e a tecer um tecido humano, em uma pele que tem dor. E a tarefa das mãos é organizar, ordenar o que contém os pensamentos escritos na memória do tecido. Dos mais superficiais aos profundos.

As mãos deixam o cérebro livre para a escuta interior, em direção ao vazio do silêncio, saindo do preenchido barulho. Elas atingem algo que sinto, registro e capturo e silenciosamente espero a expressão, seja em palavras, movimentos, gestos, emoções e/ou sentimentos.

A dor se esconde e precisa ser descoberta na sua origem. E nessa direção que concretizo o efetivo trabalho e dou suporte ao sentimento que se esconde. E me vêm de imediato a seguinte pergunta: Por onde ela percorre e em que tempo está? Enquanto vou atuando permaneço em pensamento e sensivelmente para observar e verificar as diversas manifestações. E, muitas vezes, percebo um discurso descontínuo entre sentimento, pensamento e emoção, enquanto sinto, penso sobre o que sinto e executo por intermédio da mensagem transmitida. É um trabalho de sensibilização para a mais profunda reflexão. O que sinto?

Na minha função entro em contato direto com a dor, a dor da existência. E as mãos trabalham para dar sentido a contato com dor. Para significar o sentido da dor. E nela encontramos sim, a solidão, a carência, o abandono, e aos poucos colocamos a intenção, a empatia e a presença. Um caminho que antecipa os movimentos de estar consigo mesmo, de se observar, se ouvir, de se sentir e pesar o tempo.

Muitas vezes abrimos o espaço para isso e o “outro” nos deixa na espera. (do vêm não vêm) e a frustração se apropria do espaço que é o tempo perdido, no compromisso que se desfaz na busca sem sentido, no desmanche do vínculo. Na despedida sem aviso, o “outro” nos deixa com tempo, sozinho e nos perguntando o que se faz com a ausência, o rompimento e/ou a desculpa para não entender a fuga. E, nos cabe compreender e, esperar o sentido do novo.

E lá mais uma vez, em contato com um “outro” vamos entendendo essas mãos que trabalham no sentido de encontrar algo também na ansiedade, na angústia no desencontro e nas não prioridades.

E, no cruzar das mãos segue a intenção, o sentimento e a realidade de ter espaço, tempo e esperança. Então se apresenta a paciência de manualmente trabalhar e a aceitar o sentido, aprender com o sentimento e deixar que se aprofunde este espaço para a reflexão. A sensação do não realizável daquilo que sabemos, mas não tocamos que é o sentido do trabalhar manualmente.

Trabalhamos para o perdão do sofrimento, de se fazer gente da matéria, do duro, do oco, do poço negro e sem ar. E, perguntamos ao que se entrega? Entrega-se o clamor interno, do que corre em direção á margem e, é capturado. Então da dor a compaixão, do silêncio a palavra, do vazio o preenchido, do frio o calor, do volume a forma de si, e do peso a leveza de ser.

Quando não trabalhamos nesse sentido tenho minhas mãos amarradas, meu cérebro pres, meus sentidos não disponíveis e uma arte capturada. E, amarro as minhas mãos em uma realidade de colapso, sem luz, sem ar e sem sentido. De sorriso triste, de coração retraído, de posturas curvas, de dores que percorrem horizontes perdidos. E, tecendo fio á fio atribuo ao fluxo do que corre por baixo das minhas mãos que esperam, a diluição e a calma para o encontro da profundidade.

Sei que a superfície é dura, que a profundidade é sagrada e que caudalosamente e mansamente dou-o me às horas o tempo merecido para encontrar tal fim, em outras palavras o “outro” encontra-se consigo mesmo na trajetória de vida.

Pode ocorrer também a explosão, a modificação, o olhar diferente, a surpresa, de estar diante do que sente, do que expressa, e do desejo da exatidão. E, sabe-se então o sentido dos desencontros para o encontro realmente.

Então descanso meus olhos sobre o que faço, deixo as mãos conduzindo o trabalho e o cérebro decodificando cada detalhe. Na verdade tecendo da superfície ao sentido da consciência. E encontramos o bem comum, do que fizemos até sair do velho, da dor e encontrar o novo a saída, de se realizar em si, para si e com o “outro”.

A promessa do não pode sentir recai sobre a existência e gera possibilidades, ao invés do asfixiado, do aprisionado renasce um projeto de vida projeto. Enfim da negação do que sente em afirmação da necessidade.

E, no contrário, deixar de sentir, ter as mãos amarradas e em um cérebro preso sem a possibilidade de interagir é ficar aprisionado nos sentidos do corpo e nesses pensamentos encarnados que não encontram expressão e não soam em palavras, e nunca chegam a se libertar, transformam-se em torturantes dores, onde temos o som para sentir e um suspiro para soltar.

Libertar é sentir a ferida aberta, de um passado, que pode ser bem distante de onde encontramos a dor, mas tem uma origem muito sutil e costurada nos tecidos. E, clama pelo por vir, clama pela expressão e não encontra mais nada, a não ser a manifestação do que ficou, do que deixou, do que perdeu, do que poderia ter sido. E, ainda a emoção trancada no coração que bate e não sente, no descompasso, na aceleração e na vibração que resulta na desconfiança do que sente e, diz: Desconfio do que tenho e temo.

E, nesta desconfiança o tempo se faz horas, horas trabalhadas para manualmente encontrar o tempo a teia dos sentidos e talvez a incapacidade. Trabalhar manualmente é encontrar o atendimento personalizado nas dores que não eximem o sofrimento, não nos exilam nas horas e nos deixam um espaço para entrar nesses conflitos humanos do por que faço? E lanço as minhas mãos, dou as amarras conectadas aos sentidos e abotoadas no coração.

Tenha tempo, olhe, sinta, perceba, pense no que sente e logo redimensiono. Coloco-me em mim e sinto o “outro” o que ele deixa, qual é a mistura, o que pulsa. O que significa incorporar o “outro”, ventir-se do “outro”, o que significa ser para o “outro”.

E seguindo, me preenche a sua ausência e coloco em mim o seu ser e encontro o trabalho o envolvimento a empatia, a humanidade. No toque, na pele, na palavra e na dor. A dor do grito, do choro e do pedido. Do carinho, do abraço na recuperação ao abandono que se fez.

Na existência deste “outro” que a procura por se manifestar me encontra e pede acolhimento, na tecelagem da pele, na teia, na tela, na vida, e dou ás mãos para trabalhar como instrumento, ferramenta de um movimento só, para um comum lugar e de um segredo íntimo a dois. Pois são dois pintores, dois construtores, dois significadores de destino. Por isso as mãos tecelão e personalizam o corpo e encontra o vivido a matéria, o conteúdo do que está dentro e pede libertação.

E, qual é sentido até então? É o sentido da vida. Sejamos o que sejamos todos desejamos o sossego da vida interior, da paciência da vida interna e o tempo da vida inteira. Por isso a pressa pode nos levar ao nada, pela falta do interno estamos fora do tempo, pela falta de paz estamos na impaciência do externo e pela falta da interiorização entramos na velocidade fulgaz da vida.

E, aqui me esgoto no tempo, na vivência de terem escutado o diálogo profundo do atendimento personalizado e me sossego no tempo e nesta qualidade do meu trabalho e centrada na pessoa que atendo, cuidando, Para que a vida interior se faça, a vida intima seja sentida e a vida inteira no corpo seja percorrida.

Minhas mãos trabalham para que meu pensamento também seja realizável no tempo precioso e eu o capture em reflexões, para que as horas sejam efervescentes e que encontre logo sentido e que possa me acalmar e conectar ao valor precioso.

Pois não há a menor dúvida que existem defeitos, e reparos, mas não me assusto mais com os nós, o nó no peito, na garganta, o nó do músculo e nó da dor e não e esquivo de erguer as mãos e pedir: O que faço com tudo isso?

Não posso ignorar a dor do “outro” e dizer que me torno um sujeito sem dor, não é pelas horas de dor e reconhecimento de que há sobrecarga, dureza e aspereza que peço qualidade e que sozinho também não consigo realizar o que em mim se instala quando ultrapasso limites então preciso do “outro”.

O que sozinho não desamarro preciso do “outro” que me faça entender e lanço as minhas mãos para outro humano na ajuda da saúde. No encontro do aceito, na emoção do vivido, na alma que se entrega e mergulha, e que na distância encontra a dimensão do espaço e tempo. E a existência pede licença para o vivo e livre.

Vôo no destino de cada encontro e aprofundo um conhecimento na capacidade que tenho de me humanizar e de me sensibilizar, me descubro aprendiz dessa necessidade e no meu próprio cotidiano valorizo com minha sabedoria o vínculo e a trajetória.

Essa forma de atendimento me faz direcionar uma bússola, a do meu próprio conhecimento, que me guiam através de vestígios e que passa a entender murmulhos, barulhos, palavras, expressões, pedidos ocultos que por não se manifestarem acabam em problemas imediatos, dificuldades de expressão e com o tempo se esgotam, analgesiam a vida e se afastam para mais longe e nunca se aprofundam na existência.

E o que sinto me põe nesse caminho de assistente e facilitador, de profissional e de humano. Minha oportunidade de dizer, não se sinta estrangeiro em sua própria vida, isto produz uma dívida insuportável consigo mesmo. Estrangeiro e endividado, que tal?Assim invade o vazio, o espaço fica sem ar e a pele perde o sentido, e salta a pergunta quem sou?

O surpreende sempre é que na soma de todas as dores e todas as perdas, do que dói aqui e ali, do ontem e hoje esta lá, no passado. Pois, todas as dores encontram um duelo entre o de não ter sido e o que é pior nunca poder ser.

Ter um corpo e ser uma dor, nada é pior do que isto. E nesta emergência existem as mãos que na verdade convidam a se deixar vir para si, e depois o que veio a ser. Portanto não há explicação, há que se vivenciar.

A consciência é a condição necessária para a possibilidade de encontrarmos novamente o equilíbrio, o avanço, a expansão e retornar ao princípio e falar sobre o percurso. E melhor quando desde então, durante o percurso é acompanhado. Acompanhado no tempo na presença e no contato.

Estancamos o tráfego das palavras e idéias que atolam e penetro naquilo que é invisível e desconhecido para nós, a essência e o fluído da vida. Entramos no silêncio, no atendimento personalizado e individualizado e revelamos o gesto necessário, a expressão contraída do corpo contrariado. Transformando a dor em vontade de ser.

E, para terminar, nos enganamos quando despersonalizamos o nosso trabalho, pois é através dele que podemos criar e ajudar o “outro” na intensidade do tempo e realmente saborear os limites do corpo humano na sua trajetória e harmonização de ser e na sensibilidade de existir.
Portanto, no atendimento personalizado uso das minhas mãos para a unidade em si.

Dicas do mês para estudantes e profissionais de Fisioterapia


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