Impacto do carnaval no corpo de quem desfila





No Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo são atendidos em média 11 mil pacientes por mês. Uma ala de médicos fez um estudo exclusivo pro Jornal Hoje pra saber qual é o impacto do carnaval nos quesitos: pé, coluna e membros superiores.

"Depois dos ensaios e principalmente depois do carnaval aumenta a procura no pronto socorro de ortopedia, seja por dor no pé, por dor na coluna, por dor nos braços", explica o médico Alexandre Fogaça Cristante.

Coluna

Pelo menos uma vez na vida, 80% das pessoas vão ter dor na coluna. O que dizer de quem ensaia duas, três horas por noite e praticamente todo dia.

"O ideal é que ninguém carregue mais do que 10% do peso normal. Então se a pessoa pesa 60, 70 quilos, o ideal é ela carregar até seis, sete quilos."

A recomendação para aguentar o peso das fantasias é se preparar antes. "Se ela faz uma atividade física e condiciona a musculatura, no dia ela vai ter bem menos dor porque vai estar preparada para esse esforço".

Pés

O primeiro resultado mostra que 33% das pessoas entrevistadas têm dor nas costas e 60% delas carregam nos ombros uma fantasia mais pesada que o ideal, de até 12 quilos.

"Quando estou de salto alto, dói um pouquinho a batata da perna, a panturrilha. Porque é o que força pra sustentar", comenta a passista Carol Magalhães.

Como o salto é obrigatório para as passistas desfilarem, o médico recomenda "alongamento da panturrilha, alongamento da cadeia posterior, atividade física em geral com uma boa caminhada e natação eventualmente".

Para não cair na avenida, "a recomendação basicamente é de preferência usar calçados que tenham um solado com perfil um pouco menos flexível pra proteger o pé e que abracem o tornozelo pra dar um pouco de estabilidade pra essa região", sugere Alexandre Leme dos Santos, especialista em pé e tornozelo do Hospital das Clínicas.

Depois que desfilou faz o quê? "O gelo é a melhor opção porque ele funciona como anti-inflamatório e analgésico", fala Alexandre.

Os doutores descobriram que 82% dos passistas entrevistados têm dor nos pés e 94% algum tipo de calosidade.

Membros superiores

"Dói o braço direito, aqui no ombro assim, porque a gente mexe muito com o braço direito quando toca o repelique", conta um dos integrantes da bateria.

Eles podem ter trauma por esforço repetitivo.

"Tem que ter técnicas pra todos os instrumentos ou vai cansar. Você pega a técnica da munheca e vai cansar menos. Eu nem mexo meu braço", mostra outro integrante da bateria.

"As bolhas acabam formando calosidades que nada mais é do que uma proteção da própria pele devido a frequência com que eles fazem isso", explica o médico.

Para garantir o samba olha só o que os ritmistas passam: 37% dos entrevistados sentem cansaço e dores depois do desfile, principalmente nos ombros e nos braços. A queixa mais comum são bolhas e calos nas mãos.

"Essa deve ser a melhor dor do mundo, né? Porque você tem dor e continua fazendo as coisas", comenta o cirurgião Marcelo Rosa de Resende. "A conclusão de tudo isso é que quando as pessoas fazem alguma coisa por prazer, a situação que a gente identifica aqui, elas superam a dor com a emoção de estar tocando pela sua escola."

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