Guia para se fazer uma boa Avaliação Postural







Sabemos que com o avançar dos anos, diversas alterações posturais vão surgindo devido ao processo de envelhecimento biológico de cada ser humano, o que possivelmente, irá afetar nossa saúde e poderá trazer problemas musculoesqueléticos que na maioria das vezes, poderiam ser evitados se fossem ensinados como cuidar de nossa postura desde a infância.

Para lidar melhor com essas alterações e saber qual é o tratamento mais adequado para cada paciente, se faz necessária uma avaliação postural completa para se ter um raciocínio clínico que potencialize o tratamento.

A avaliação postural tem como objetivo, observar os desvios de postura de cada pessoa. Estes desvios podem vir a ser influenciado por vários fatores como: características ósseas, anomalias congênitas ou adquiridas, má postura, obesidade e/ou alimentação inadequada, atividades físicas sem orientação e/ou inadequadas, desequilíbrio musculares e frouxidão ligamentar.

A avaliação postural se faz importante para que se possa mensurar os desequilíbrios e adequarmos a melhor postura a cada indivíduo, possibilitando assim uma reestruturação completa das cadeias musculares e seu posicionamento adequado. Através desta avaliação realizamos uma prescrição de exercícios adequados a promover a reestruturação postural assim como limitações provenientes destas alterações.

Para a avaliação postural podemos utilizar alguns materiais para melhor avaliar os alunos/clientes submetidos ao programa de atividades educativas:

a) Objetivos: uso de radiografia (solicitada pelo médico que acompanha o programa), fotografia.

b) Subjetivos: uso do tato e da visão, observando o aluno de costas, perfil direito, perfil esquerdo, frente e antero-flexão, à frente do simetrógrafo. O aluno deverá estar em traje de banho, de maneira a favorecer a visão do observador para uma melhor visualização das alterações posturais.

Devemos observar nosso aluno globalmente como um todo, pois um desequilíbrio postural jamais se apresenta de forma isolada, portanto, devemos estabelecer critérios de adaptação morfológica e funcional quanto ao equilíbrio e a coordenação dos movimentos do corpo. Não importando o plano que estaremos analisando, devemos estar associando sempre a linha de gravidade.

Os segmentos que não estiverem compatíveis com o eixo perpendicular ao solo estarão em desequilíbrios.

No plano sagital, devemos considerar o corpo como duas metades simétricas anterior e posteriormente em relação à linha da gravidade, esta deve passar anterior ao ouvido externo, face anterior da coluna cervical, anterior a coluna dorsal, cruzar a coluna vertebral em L1, L2 e L3, porção média do osso sacro, posteriormente a articulação coxofemoral, posterior ao longo do eixo femural, nível médio da articulação do joelho, cruze a tíbia em quase toda a extensão, anterior a articulação do tornozelo, pela articulação de Chopart (calcâneo-cubóide e talonavicular) e finalmente atinja o solo.

Neste plano, estaremos observando se há acentuação das curvaturas fisiológicas, joelhos em hiperextensão ou em semiflexão, projeção dos ombros à frente, projeção da cabeça à frente, proeminência abdominal, se ocorre anteversão ou retroversão da pelve e se o corpo apresenta alguma rotação para a direita ou para a esquerda .

Posteriormente, deveremos observar o nível da cintura escapular e pélvica para verificar se há basculamento lateral. Um ombro mais baixo que o outro e proeminências ósseas na escápula, acusam um desnivelamento escapular. Pregas glúteas e triângulo de Tales em desigualdade, acusam um desnivelamento da cintura pélvica. Observar se há inclinação lateral da cabeça, existência de pregas lombares, se tendão calcâneo estará valgo ou varo, aproximação medial do joelho ou afastamento lateral dos joelhos.

No plano frontal, se há assimetria torácica, assimetria facial e conferir as observações feitas posteriormente. As verificações, citadas acima, são feitas de forma estática, porém, devemos realizar um exame dinâmico, para observar a marcha e como o corpo se comporta no momento de sua realização. É muito importante que seu aluno não saiba que você estará observando-o na marcha, pois isto poderá estar interferindo em uma marcha mais natural e seu aluno acabar escondendo, mesmo que inconsciente algum problema que possa estar iniciando.

Todas estas alterações posturais correspondem ao desequilíbrio do sistema dinâmico e estático, muitas vezes acarretando desconforto, algias e incapacidades funcionais. O padrão respiratório deverá ser avaliado no plano sagital, classificando em apical ou diafragmático durante a respiração normal e verificar se há hipertonicidade ou hipotonicidade através da palpação muscular.

Dicas para fazer uma boa avaliação postural

Fique atento: todos os movimentos do aluno desde o primeiro contato podem demonstrar algo. Essas informações são importantes porque assim que pedirmos para o aluno ficar em bipedestação ele vai se tencionar.

Se atente aos pequenos detalhes: durante a avaliação, devemos prestar atenção nos pequemos momentos em que o aluno relaxa. É neles que os desequilíbrios serão revelados.

Faça uma boa entrevista: durante a entrevista com seu paciente, você deve anotar as respostas e também ficar atento a seus gestos e linguagem corporal. Fatores como manias e movimentos repetidos devem ser anotados.

Siga seus instintos: NUNCA ignore seus instintos! Lembre-se que muitas das descobertas aconteceram em insigths nas observações.

Faça as perguntas corretas: durante a entrevista, faça perguntas detalhadas. Se eu perguntar para alguém sobre sua saúde, ele sempre vai responder que está "tudo bem", então você precisa de mais perguntas a respeito.

Analise a lesão: Na hora de fazer a avaliação postural, comece analisando a lesão. Se ela é descendente ou ascendente. Você baseará toda a sua avaliação nisso.

Avaliação na Prática

Para começar sua avaliação, peça que o seu paciente venha com o mínimo de roupa possível (shorts e tops são sempre bem-vindos nesse momento). Coloque o paciente sobre um fundo branco, ou atrás de um simetrógrafo, para que as alterações posturais sejam mais bem observadas.

O primeiro passo é observar a estética postural. Se existe diferença na altura dos ombros, se os joelhos estão simétricos, se a coluna está alinhada. Utilize-se das quatro visões para isso: visão anterior, lateral direita, lateral esquerda e visão posterior.

Depois de observar a estética, é importante verificarmos de fato as alterações. Utilize o goniômetro e comece o seu trabalho pelos pés. Verifique se a tuberosidade do navicular está alinhada, ou se você observa um pé plano ou um pé cavo; avalie a clavícula e veja se, na verdade, esse é um ombro que está baixo ou o outro que está mais alto demais.

Calcule o ângulo Q do joelho e defina se ele é valgo ou varo. Observe se a pelve está alinhada, rodada ou inclinada. Observe as escápulas do seu paciente, elas podem estar aladas, abduzidas ou em báscula.

A coluna é parte essencial nesse processo. A lombar é a maior queixa de nossos pacientes, então observe e teste para ver a presença de hiperlordose ou retificação lombar, hipercifose ou retificação torácica.

A cervical também é importante, anteropulsão e retificação cervical são cada dia mais comuns. E não podemos esquecer de uma das patologias mais comuns da coluna: a escoliose.

‏A avaliação postural não pode se limitar somente a visão estética. Precisamos ver também a função desses segmentos. Teste a flexibilidade do seu paciente, tanto anterior de coluna, quanto lateral e em rotação. Teste cada um dos segmentos, com paciente tanto de pé quanto com ele sentado.

Depois da Avaliação

A avaliação postural é o ponto de partida para o fisioterapeuta identificar quais as alterações na postura, e a partir deste ponto poder iniciar sua linha de raciocínio clinico. Hoje a fisioterapia tem diversas modalidades terapêuticas que podem surtir efeito imediato ou no decorrer do tratamento, sendo que posso citar algumas como: Pilates, Manipulações Miofasciais, e Terapias Manipulativas como Osteopatia, Quiropraxia, RPG e outras técnicas.

Os exercícios para a reestruturação postural são indicadas pelo fisioterapeuta a partir de uma avaliação minuciosa, cada paciente tem uma estrutura, sendo assim, existem exercícios e técnicas fisioterapêuticas especificas e individuais para cada tratamento postural.

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