Fisioterapia da criança com doença grave






A fisioterapia para a criança gravemente doente com alterações funcionais difere daquela estabelecida para pacientes adultos, pois trata-se de uma combinação dos cuidados de uma criança normal associada à melhor estratégia de intervenção para a reabilitação. A proporção de crianças com condições crônicas e/ou alterações funcionais internadas em UTIP está em crescente aumento e, portanto, é esperado que a necessidade de reabilitação/fisioterapia também aumente.

A avaliação é um dos principais aspectos relacionados com o sucesso das intervenções a serem propostas. Em Terapia Intensiva Pediátrica, sugere-se avaliar a funcionalidade por meio da Escala de Estado Funcional Pediátrica, a qual auxilia a identificação precoce de alterações funcionais nesta faixa etária. As medidas de avaliação que auxiliam na detecção dos fatores de risco para alterações funcionais assim como para detecção do declínio funcional podem ser subdivididas de acordo com "o que" se pretende avaliar e com a faixa etária da criança.

A tabela:



São crianças com restrição da mobilidade aquelas submetidas à analgossedação, com lesão aguda de coluna espinal e gravemente enfermas, impossibilitadas de serem mobilizadas em virtude da instabilidade hemodinâmica. A restrição da mobilidade e a concomitante diminuição do estresse (nos tecidos e nas articulações) relacionada com a falta de exercícios físicos acometem potencialmente cada órgão e sistema do corpo, com efeitos profundos nos sistemas cardiovascular e neuromuscular. Os efeitos mais importantes da restrição da mobilidade são aqueles nos sistemas cardiovascular e cardiopulmonar, com consequente alteração do transporte de oxigênio (O2).

O posicionamento e a mobilização da criança têm efeitos importantes em sua função cardiorrespiratória e cardiovascular, o que determina uma melhora na capacidade de transporte de O2 (Tabela 2). Os efeitos da mobilização e do posicionamento da criança podem melhorar as trocas gasosas e diminuir a fração inspirada de oxigênio (FiO2) e o suporte farmacológico e ventilatório (7). Nesse contexto, são funções do fisioterapeuta avaliar, prescrever e realizar tais intervenções para otimizar as trocas gasosas e o transporte de oxigênio (O2). Vale ressaltar que esse papel se distingue daquele feito com frequência pela enfermagem, visto que esta rotina de posicionamento e mobilização objetiva, principalmente, diminuir os efeitos adversos da imobilidade, que incluem as complicações pulmonares e alterações musculoesqueléticas.

Portanto, a restrição da mobilidade e suas consequências devem ser minimizadas. A mobilização e o posicionamento em pé devem ser maximizados para evitar as consequências negativas da imobilidade no leito, assim como o aumento do risco de morbidade associada a esses efeitos.

A mobilização (passiva, ativo-assistida, resistida) é utilizada pelos fisioterapeutas como por meio de diversos métodos para pacientes com uma ampla variedade de alterações, que incluem aqueles gravemente enfermos em UTI. Ela tem como objetivos melhorar a função respiratória (com otimização da relação ventilação/perfusão, aumento dos volumes pulmonares e melhora do clearance das vias respiratórias), diminuir os efeitos adversos da imobilidade e melhorar o nível de consciência, a independência funcional, o condicionamento cardiovascular e a condição psicológica

A fisioterapia para a criança gravemente doente com alterações funcionais difere daquela estabelecida para pacientes adultos, pois trata-se de uma combinação dos cuidados de uma criança normal associada à melhor estratégia de intervenção para a reabilitação. A proporção de crianças com condições crônicas e/ou alterações funcionais internadas em UTIP está em crescente aumento e, portanto, é esperado que a necessidade de reabilitação/fisioterapia também aumente. Existe claramente uma discrepância entre a necessidade e a possibilidade de cuidados de reabilitação/fisioterapia em crianças internadas em UTIP no mundo, especialmente nos países em desenvolvimento.

As morbidades relacionadas a Síndrome Pós-Alta Hospitalar afetam uma proporção significativa de crianças que recebem alta das UTIs.  Melhorar a compreensão das morbidades físicas, neurocognitivas e psicológicas após uma doença grave na população pediátrica é imperativo para projetar intervenções para melhorar os resultados em curto, médio e longo prazo de pacientes que recebem alta da UCIP no intuito de melhorar a segurança dos cuidados à criança gravemente enferma e, consequentemente, contribuir para a diminuição das morbidades após a alta hospitalar, visando a melhora ou manutenção da qualidade de vida.

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Dicas do mês para estudantes e profissionais de Fisioterapia


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