Saiba mais sobre a Fricção Transversal Profunda







A terapia manual, que engloba diversas técnicas utili-zadas na prática fisioterapêutica, tem despertado interesse de pesquisadores nas últimas três décadas. As evidências no tratamento das disfunções musculoesqueléticas estão cada vez mais solidificadas nos mais diversos modelos de estudo. Porém, mesmo com as inúmeras investigações apontando para uma efetividade, muitos mecanismos fisiológicos das Terapias Manuais não estão claros. Isto pode comprometer, por exemplo, a aceitabilidade dessas técnicas, uma vez que os estudos realizados para elucidar este tipo de questão são ineficientes.

 A massagem, técnica inserida na Terapia Manual, é uma das modalidades terapêuticas mais antigas e possui diversas formas, dentre elas, podemos destacar a Fricção Transversal Profunda (FTP) defendida e desenvolvida por Cyriax

A FTP é um tipo de massagem, cujo movimento rea-lizado sobre o tecido danificado mimetiza o seu comportamento normal, impondo carga cíclica e stress rítmico sobre as estruturas. Desta forma, estimula a reorganização do colágeno em uma forma longitudinal que limita a for-mação de aderência. O processo inflamatório causa irritação no tecido de forma contínua e, assim, a FTP possibilita um aumento da mobilidade e a extensibilidade dos tecidos musculoesqueléticos específicos, como tendões, fáscias, músculos e ligamentos. Podemos considerar que o somatório dos efeitos fisiológicos nos tecidos moles promovem a redução do quadro álgico devido ao seu poder analgésico imediato.

A Fricção Transversa Profunda é realizada com a ponta dos dedos – médio sobre o indicador – ou polegar, de forma que abranja o local exato da lesão. A pele do paciente e os dedos do fisioterapeuta devem se movimentar como uma unidade para que a fricção atue em toda a estrutura acometida traumática.

O melhor alinhamento das fibras do tecido conjuntivo e quebra de aderências cicatriciais representam efeitos já mais solidificados na literatura, em especial as propriedades biomecânicas dos tecidos e o efeito piezoelétrico nos tecidos moles (fáscias, ligamentos, tendões).

.Na prática clínica é comum que a aplicação da FTP desencadeie uma redução imediata da dor. Grande parte do efeito analgésico é a "teoria das comportas", que ocorre através da modulação de impulsos nociceptivos a nível da medula espinal. A condução destes impulsos é inibida e ultrapassada pela estimulação dos mecanorreceptores presentes no mesmo tecido. Apesar da neurofisiologia da dor respeitar muito o conceito do portal da dor, novos conceitos como memória nociceptiva, neurotransmissores e mecanis-mos inibitórios e excitatórios da dor tem sido discutidos fortemente na literatura, ampliando as discussões sobre os efeitos da FTP.

A FTP também causa hiperemia traumática local, provavelmente por existir uma perfusão local isquêmica, levando a uma vasodilatação e melhora de suprimentos sanguíneo e nutrientes no local da lesão. Esse efeito pode resultar em remoção de irritantes químicos, liberação de opiáceos endógenos e aumento da velocidade da destruição da substância P – que, em grande quantidade, causa isquemia e dor, sendo assim um recurso interessante nas disfunções musculoesqueléticas.

Outro efeito é a prevenção na formação de aderências num estágio inicial de reparo da lesão, e quebra das aderências formadas em uma lesão crônica, através do movimento terapêutico da FTP, estimulando o realinhamento e o alongamento das fibras cicatriciais, devolvendo, então, a mobilidade normal e indolor da estrutura. 


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