Protocolos de Exercícios para Reabilitação de Entorses de Tornozelo

 


A reabilitação efetiva das entorses de tornozelo vai muito além do alívio inicial da dor e controle de edema. O desafio está em restaurar a estabilidade articular funcional, reeducar o controle neuromuscular e prevenir a instabilidade crônica que compromete o desempenho e aumenta o risco de novas lesões. Para isso, um protocolo estruturado e progressivo, baseado na fisiologia do movimento e na neuroplasticidade, é fundamental.

Fase 1: Restauração da Mobilidade Articular e Ativação Muscular Inicial

Objetivo: Recuperar amplitude de movimento com segurança, ativar a musculatura estabilizadora sem sobrecarregar estruturas lesionadas.

  • Mobilizações articulares específicas:
    Técnica de mobilização em deslizamento anterior e posterior do tálus para promover deslizamento articular fisiológico, essencial para a dorsiflexão plena. Aplicar mobilização grade II a III, respeitando o limiar de dor. Realizar 3 séries de 30 segundos, duas vezes ao dia.

  • Exercícios ativos assistidos com controle sensório-motor:
    Flexão dorsal e plantar ativa, em decúbito ou sentado, inicialmente sem carga, focando no movimento lento e controlado para ativar os músculos tibial anterior, gastrocnêmio e sóleo.

  • Ativação isométrica dos músculos peroneais:
    Contração isométrica contra resistência manual ou faixa elástica, com o pé em posição neutra, para iniciar o trabalho dos estabilizadores laterais, fundamentais para prevenção da instabilidade crônica.

Fase 2: Fortalecimento Dinâmico e Reeducação Proprioceptiva

Objetivo: Melhorar a resistência muscular e a coordenação neuromuscular para restabelecer a estabilidade funcional.

  • Exercícios concêntricos e excêntricos controlados:
    Incluir flexão plantar e dorsiflexão com resistência progressiva (faixa elástica ou polia), enfatizando o controle excêntrico na fase de retorno ao posicionamento neutro para favorecer a absorção de impacto.

  • Propriocepção em superfície estável e instável:

    • Equilíbrio unipodal em solo firme, com progressão para olhos fechados, para aumentar a dependência sensorial vestibular e somatossensorial.

    • Uso de superfícies instáveis (almofada proprioceptiva, BOSU), iniciando com apoio das mãos e progressão para postura livre.

  • Treino de cadeias cinéticas fechadas:
    Agachamento parcial e avanço, com foco na manutenção do alinhamento do tornozelo em valgo dinâmico. Correções manuais e feedback visual são essenciais para prevenir padrões compensatórios.

Fase 3: Estabilização Funcional Avançada e Retorno ao Esporte

Objetivo: Promover a resistência muscular, agilidade e controle motor em padrões de movimento complexos e rápidos.

  • Treino pliométrico e de reação:
    Saltos verticais e horizontais com aterrissagem controlada, enfatizando a absorção do impacto e alinhamento do tornozelo para evitar a inversão súbita.

  • Mudanças rápidas de direção e cortes:
    Exercícios que simulam demandas esportivas, com variação de velocidade e direção, focando na prevenção da instabilidade funcional.

  • Exercícios em cadeias cinéticas abertas e fechadas combinados:
    Movimentos de suporte monopodal com elevação do membro contralateral para aumentar o desafio do controle postural e neuromuscular.

Dicas clínicas que fazem a diferença

  • Feedback constante: Uso de espelho e toque para garantir a execução correta, evitando compensações que podem agravar a lesão.

  • Monitoramento da dor: Dor tolerável durante o exercício é aceitável, mas dor pós-treino que persista indica necessidade de ajuste da carga ou volume.

  • Adaptação do protocolo: Individualize de acordo com a resposta clínica, fase da lesão e objetivos do paciente.

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