Mobilização em Pacientes com Instabilidade: O Que Fazer e O Que Evitar
A mobilização precoce é uma das intervenções mais impactantes da fisioterapia hospitalar. Quando bem indicada e conduzida com segurança, ela melhora a função muscular, reduz o tempo de internação, minimiza complicações respiratórias e, acima de tudo, oferece dignidade ao paciente hospitalizado.
No entanto, quando estamos diante de um paciente instável, a mobilização exige mais do que técnica: exige raciocínio clínico, sensibilidade e capacidade de antecipar riscos. É aqui que a expertise do fisioterapeuta faz a diferença entre um cuidado efetivo e uma possível complicação.
Entendendo o Conceito de Instabilidade Clínica
- Hipotensão arterial refratária
- Taquicardia ou bradicardia grave
- Hipoxemia (SpO₂ < 90% com suporte adequado)
- Uso de drogas vasoativas em doses crescentes
- Alterações neurológicas agudas (agitação, rebaixamento do nível de consciência)
- Febre alta persistente e sem causa definida
Esses sinais não são, isoladamente, contraindicações absolutas à mobilização. O fisioterapeuta precisa correlacioná-los com o quadro clínico como um todo, conversando com a equipe médica e utilizando escalas funcionais e hemodinâmicas para tomada de decisão.
O Que Fazer: 6 Princípios para Atuar com Segurança
1. Avaliação Multidimensional Prévia
Antes de iniciar qualquer mobilização, o fisioterapeuta deve realizar uma avaliação completa, incluindo:
- Sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, SpO₂)
Apoio hemodinâmico e respiratório atual - Nível de consciência (Glasgow, RASS)
- Força muscular (MRC scale, ICU-AW)
Isso permitirá estabelecer um plano individualizado e seguro.
2. Definir Objetivos Realistas para Cada Sessão
Em pacientes instáveis, a meta da sessão não é “levantar da cama”, mas sim estimular pequenas ativações, trocas posturais, ou mesmo promover sedestação com apoio, respeitando os limites clínicos. A progressão deve ser lenta e contínua.
3. Comunicação com a Equipe Multiprofissional
Não tome decisões isoladas. Informe médicos, enfermagem e outros profissionais sobre o plano de mobilização. Isso garante apoio em caso de intercorrências e favorece a interdisciplinaridade.
4. Atenção Redobrada à Monitorização
Monitore o paciente durante toda a mobilização. Observe:
- Queda súbita de pressão arterial
- Alterações de ritmo cardíaco
- Sinais de sofrimento respiratório
- Sudorese fria, palidez ou confusão mental
Qualquer alteração exige pausa imediata e reavaliação.
5. Iniciar com Mobilização Passiva ou Assistida
Se o paciente ainda não tolera posições antigravitacionais, inicie com mobilização passiva, exercícios isométricos ou posicionamentos estratégicos. Mesmo pequenas ações já promovem benefícios metabólicos e circulatórios.
6. Documentar Tudo com Clareza
Registre objetivos, resposta clínica, eventos adversos e planos de progressão. A documentação é essencial tanto para a segurança do paciente quanto para respaldo ético e legal do profissional.
O Que Evitar: 5 Erros que Colocam o Paciente em Risco
❌ Forçar o paciente a seguir metas pré-estabelecidas
O progresso é individual. Respeite os limites fisiológicos e o momento clínico. Um “passo atrás” pode ser o necessário para dar “dois à frente” com segurança.
❌ Ignorar sinais sutis de descompensação
Mudança de comportamento, olhar vago, mãos trêmulas, respiração superficial — tudo isso pode ser um sinal precoce de instabilidade.
❌ Mobilizar sem suporte adequado (equipamentos ou pessoal)
Evite improvisações. Utilize suportes, talas, coletes ou coletes de tronco quando necessário. Peça auxílio à equipe para evitar quedas ou lesões.
❌ Desconsiderar o aspecto emocional do paciente
O medo, a dor e a insegurança emocional também são fatores limitantes. A empatia e o acolhimento são parte da fisioterapia humanizada e segura.
❌ Subestimar o papel do repouso programado
Em alguns casos, repouso terapêutico é o que o paciente precisa. Saber a hora certa de não mobilizar também é competência clínica.
Vamos Concluir?
A mobilização de pacientes instáveis no ambiente hospitalar exige mais do que conhecimento técnico. Ela demanda um fisioterapeuta que saiba avaliar, planejar e executar com responsabilidade e empatia, respeitando cada pequeno sinal do corpo do paciente.
É esse olhar clínico apurado, somado ao conhecimento científico atualizado, que define um fisioterapeuta de excelência.
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