Artigo: Atuacao do Fisioterapeuta na Gravidez na adolescencia




 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a adolescência como o período entre as idades de 10 a 20 anos, período que se considera como caracterizado por grandes transformações físicas, psicológicas e sociais. A grande maioria das adolescentes inicia a vida sexual sem proteger-se contra as doenças sexualmente transmissíveis e contra a gravidez precoce. Segundo BRASIL (2004) existe uma redução da taxa de fecundidade total, enquanto a fecundidade no grupo de 15 a 19 anos de idade vem aumentando e o que contribui para o aumento da fecundidade nesse grupo é o início cada vez mais precoce da puberdade. A gravidez precoce gera uma maior morbimortalidade materna, prematuridade e baixo peso da criança ao nascer. Para OLIVEIRA (1998); DIA & GOMES (2000); GOMES, FONSECA & VEIGA (2002) e YAZLLE, MENDES & PATTA (2002) também há aumento da incidência de restrição de crescimento intra-uterino, sofrimento fetal agudo intra-parto, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Além das privações socioeconômicas devido à menor chance de completar a escolaridade, reduzindo as oportunidades de emprego, tendência maior à construção de famílias numerosas e de separações, maior chance dos filhos adoecerem, sofrerem acidentes e de apresentarem baixo rendimento escolar. Nesse sentido foi realizado o estudo para verificar a incidência de gravidez em adolescentes no Hospital Padre Luso de Palmas-TO e a atuação do Fisioterapeuta na orientação, na preparação e no trabalho de parto.

MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado através dos prontuários do Hospital Padre Luso de Palmas - TO, no período de janeiro de 2004 a janeiro de 2005. A amostra foi composta por 500 gestantes participantes do “Programa Criando Vida”, sendo verificada a incidência da gravidez nas adolescentes e a atuação da fisioterapia no Programa, o qual consiste em:
Palestras e orientações às gestantes: o fisioterapeuta tem por função orientá-las sobre as mudanças fisiológicas, metabólicas e posturais durante o desenvolvimento gestacional, como também sobre os hábitos de vida (cuidados posturais, vestuário), atividade sexual, a importância do aleitamento materno, os cuidados com as mamas e o planejamento familiar.
Relaxamento: o fisioterapeuta tem por objetivo reduzir o ciclo vicioso de tensão-medo-dor através de movimentos (através do balanceio, na qual a gestante em pé balança o quadril para um lado e para o outro ou em círculos, realizando também a anteroversão e retroversão do quadril); posicionamentos (a grávida senta-se na posição invertida na cadeira, com as pernas separadas e apóia o tronco no encosto da cadeira; deita-se de lado com as pernas e os joelhos flexionados, com um apoio entre os joelhos ou com a perna inferior semiflexionada e a perna superior dobrada sobre o apoio); massoterapia (técnicas de deslizamentos em MMSS e MMII, além de deslizamentos superficial e profundo, rolinhos e fricção na região lombar e sacral) e respirações para que as gestantes possam enfrentar o estresse e a dor do parto. Percepção Respiratória: a respiração utilizada no programa durante o parto é a respiração diafragmática, seguida da torácica. A respiração antes e depois da contração segue um padrão de ritmo, igual para inspiração e para expiração. Durante a contração, a parturiente realiza longas expirações.
Exercícios: Os exercícios realizados no programa são relaxantes, agradáveis e não cansativos demais, evitando-se muito esforço e movimentos bruscos, sendo realizados exercícios para membros superiores e inferiores, perineais, posturais, abdominais e metabólicos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES: Foram avaliadas 500 gestantes, detectando 161 grávidas adolescentes e 339 grávidas adultas (Fig. 1).No Brasil cerca de 28% das gestantes são adolescentes e no Estado do Tocantins segundo CABRAL (2004) este índice alcança cerca de 39,5% . BASTOS & SILVA (2004) observaram uma prevalência média de 25, 3% de partos em adolescentes, variando de 15,7% no ano de 2000, e aumentando consideravelmente nos anos subseqüentes como 28,4% e 28,1% nos anos de 2001 e 2002, respectivamente no Hospital Dona Regina de Palmas-TO. Esses dados foram semelhantes também aos dados encontrados por ALVES (2001), em João Pessoa - PB que foram de 26,3% partos em adolescentes. Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2004) a fecundidade no grupo de 10 a 20 anos está aumentando, sendo, portanto possível verificar esse aumento também na região de Palmas-TO, no qual CABRAL (2004) reafirmou em seus estudos que a prevalência de partos em adolescentes em Palmas atingiu patamares alarmantes (73,7%) com uma média de 42,3%. Portanto, cabe ao serviço de saúde a prestação de uma assistência adequada e o desenvolvimento de ações educativas que abordem a sexualidade com informações claras e científicas, introduzindo gênero, classe social e as diferenças culturais de iniciação da vida sexual, de modo que a informação aponte maiores conhecimentos e seja mais evolutiva (BRASIL, 2004).

CONCLUSÕES: Poucos serviços oferecem atenção à saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, sendo importantes as ações educativas e de redução da vulnerabilidade das adolescentes aos agravos à saúde sexual e reprodutiva. O Hospital Padre Luso juntamente com sua equipe fisioterápica tenta amenizar a maternidade precoce - através de orientações, palestras, relaxamento, exercício, treino de expulsão e percepção respiratória - que põe em risco as expectativas de futuro das adolescentes gestantes, evitando assim a morbimortalidade materna, restrição intra-uterina, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, sofrimento fetal agudo intra-parto, prematuridade, baixo peso da criança ao nascer e aborto. Nota-se a necessidade de expandir esse projeto para outras maternidades e de adotar políticas de natalidade para reduzir o alto índice de adolescentes grávidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, A.M.P.M. Partos em adolescentes: um perfil epidemiológico no município de João Pessoa-Ph, 1990-1999. Dissertação (Mestrado). 2001. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. 56 p.
BASTOS, F.B.; SILVA, S.M.M. Prevalência de partos na adolescência no município de Palmas. Anais da IV Jornada de Iniciação Científica do CEULP/ULBRA, Palmas-TO, 2004.
BRASIL, Ministério da Saúde. Política nacional de integração à saúde da mulher: princípios e diretrizes. Brasília-DF, 2004.
CABRAL, P.M. Gravidez na adolescência: desejo ou descuido? Dissertação (Monografia). 2004. Centro Universitário Luterano de Palmas. Tocantins. 41 p.
DIAS, A.C.G; GOMES, W.B. Conversas em família sobre sexualidade e gravidez na adolescência; percepção das jovens gestantes. Psicol. Reflex. Crit. [on line]. 2000, vol. 13, nº. 1 [citado em 4 de novembro 2004], p. 109-125. Disponível em: www.scielo.com.br.
GOMES, Romeu; et al. A visão da pediatria acerca da gravidez na adolescência: um estudo bibliográfico. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [on line]. Maio/Junho. 2002, vol. 10, nº. 3 [citado em 04 de novembro 2004] , p. 408-414. Disponível em: www.scielo.com.br.
OLIVEIRA, M.W. Gravidez na adolescência: dimensões do problema. Cad. CEDE. [on line]. Jul. 1998, Vol. 19, nº. 4 [citado em 4 de novembro de 2004], p. 48-70. Disponível em Disponível em: www.scielo.com.br.
YAZLLE, Marta; et all. A adolescência grávida: alguns indicadores sociais. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [on line]. Out. 2002, vol. 24, nº. 9 [citado em 04 de novembro de 2004], p. 609-614. Disponível em: www.scielo.com.br.

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